Nenhum outro político sairá desta eleição tão fortalecido como o prefeito Carlos Evandro, independente do resultado, pois ele conseguiu o que parecia impossível: além de sair do grupo do deputado Inocêncio Oliveira de cabeça erguida, fato raro na política local, ele ainda levou consigo uma militância fiel e, de quebra, arrastou o PT para o seus braços.

Mesmo não sendo eleitor do prefeito, e nem tão pouco tenho essa intenção, é inegável que ele visualizou muito bem o cenário que o rondava, coisa que alguns não souberam, como por exemplo, o prefeito do Recife, João da Costa (PT), e o de Iguaraci, Albérico Rocha (PR), ambos foram rifados da disputa eleitoral pelos seus respectivos partidos. Carlos, em uma jogada de mestre, colocou o seu “pupilo” em um partido de expressão nacional, o que lhe permitiu as condições para poder bater de frente com velhos “coronéis” da cidade.

Para chegar a esse “status político”, Carlos teve que remar contra a maré. O primeiro passo importante foi quando se elegeu vice-prefeito na chapa de Augusto César, em 1992. Em 1996, rompeu com Augusto sem maiores explicações, mesmo sendo o candidato a prefeito do grupo. Ele preferiu migrar para o lado do deputado Inocêncio Oliveira. E, mesmo sem muito espaço, conseguiu – com o apoio do falecido ex-prefeito Tião Oliveira – se lançar a prefeito em 2000. Infelizmente para Carlos Evandro, Tião não apenas lhe deu apoio, mas também todo o ônus da sua péssima gestão. O resultado foi uma vitória esmagadora de Geni Pereira.

Quatro anos se passaram para que Carlos desse o troco em Geni, e finalmente em 2008, “Carlão” se tornou o primeiro prefeito a ser reeleito em Serra Talhada. Hoje, a sua gestão conta com aceitação que beira os 80%, números que só foram conseguidos, por que entre outras coisas, ele não se deparou com opositores nos últimos sete anos, pois sempre contou com a maioria da Câmara de Vereadores e conseguiu colocar parte da imprensa, escrita e falada, no bolso. É bem verdade que nos últimos meses algumas vozes se levantaram contra ele, mas infelizmente nenhuma delas apareceu com credibilidade o suficiente para conseguir arranhar a sua imagem junto à população.

Sendo assim, Carlos Evandro passou a ser a peça principal de jogo de xadrez, pois ele possui todos os elementos que favorecem a eleição do seu candidato, e por isso mesmo sofrerá intensos ataques dos opositores no sentido de desqualificar a sua gestão. A sua imagem será usada tanto para um lado como para o outro, obviamente em sentidos contrários. Porém, como o jogo ainda não está decidido existem dois dilemas a serem resolvidos: o primeiro é como Carlos conseguirá transferir a sua aceitação para o seu candidato. O segundo é como o candidato de oposição irá descaracterizar um governo que ele defendeu durante quase sete anos.

Diante desse cenário extremamente movimentado e intrigante, só nos resta acompanhar com toda a atenção as táticas que serão usadas para que um candidato possa se sobressair sobre o outro. Sempre lembrando que qualquer passo dado na hora errada pode custar a derrota para um dos lados.

*Paulo César é professor especialista em História Geral