PTPor Gootemberg Mangueira, professor de Serra Talhada

A cara de Dilma nas fotos publicadas pela imprensa me faz lembrar o quadro do pintor norueguês Edvard Munch, O grito. Mas o que aconteceu? Não estava tudo bem? Vejo que assim como no quadro, o céu ficou vermelho (que não é o do PT) depois das eleições, o País entortou e a ponte que a senhora tem que atravessar é longa e no meio da caminho tem uma pedra chamada PMDB (que mandou para o brejo, ou melhor, para Ceará, o ministro da Educação Cid Gomes) e que nesse instante se coloca ao lado Brasil (como se não fossem aliados) e não do seu governo.

Se ela que, despudoradamente, criou essa situação, permitindo que os gabirus, metessem a mão no dinheiro público, escondendo do povo a verdade sobre o abismo em que se encontrava e se encontra o país, está com essa cara, imagine o povo que, no seu cotidiano, vem se afogando nos altos índices de desemprego, violência e inflação, além de outros problemas decorrentes da falta de uma educação de qualidade.

Conversando com algumas pessoas, vi no semblante de cada uma, o enorme desalento, como quem não estivessem acreditando no que está acontecendo, uma descrença no país e no governo, o desejo imensurável de mudança, de atravessar essa longa noite de incertezas e agonia. É mesmo um quadro desanimador, pintado com o óleo queimado da corrupção, uma paisagem sentida na a pele e vista “pelos olhos” de um povo que já não sabe mais o que fazer, a não se reclamar, reivindicar, cobrar providências.

A presidente Dilma não tem capacidade de comunicação com os outros poderes (Legislativo e Judiciário), com sociedade de modo geral (considerando, também, o que é postado nas redes sociais) nem pulso para desautorizar seus ministros a conversarem besteira nas suas entrevistas, como, por exemplo, as declarações do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República Miguel Rossetto ao dizer que as manifestações  ocorridas no dia 15 de março, foram realizadas pelas pessoas que não votaram na presidente Dilma e organizada pelo PSDB, que segundo ele, estaria pleiteando um terceiro turno.

Todos sabem que a crise que ora se instala no país tem como vertente principal os escândalos da Petrobrás, os bilhões desviados da estatal para diversos fins, inclusive para campanha da presidente Dilma em 2010, aliados a outros, como a incompetência administrativa e política do governo federal. Portanto, Senhor ministro, quem estava ali eram cidadãos (quase 2,0 milhões de pessoas) de todas as classes sociais, como médicos, professores, funcionários públicos e até mesmo empresários que não suportam mais essa roubalheira que vem acontecendo no governo do PT, que nos assola e nos deixa  sem rumo.

Desqualificar um movimento legítimo como esse, é, sem dúvidas, dar um coice na democracia e nos lembrar dos governos fascistas, manipuladores, inimigos de qualquer modalidade de manifestação popular. Esses discursos do governo, certamente têm o dedo de Lula, mestre em lábias populistas, como a de praticar o mal e fazer com as pessoas entendam o contrário. Mas os políticos precisam entender que essa retórica é ultrapassada. O não povo não se deixa mais enganar por isso.

Já pairam há muito tempo no coletivo da sociedade, os parâmetros do pensamento pós- moderno em que nos mostra a migração de  uma consciência social  ingênua para uma consciência crítica, de responsabilidade e compromisso com um mundo melhor para todos. Não cabe mais fechar os olhos para os desmandos das autoridades políticas, nem engolir de goela abaixo suas declarações infelizes que visam convencer a população a entender que a realidade não é a que o cidadão sente, mas a que eles (políticos) dizem.