eugênioPor Eugênio Marinho, empresário de Serra Talhada.

Se imagine por um momento como um candidato a prefeito da cidade que você mora. Você e os demais candidatos disputarão a preferência dos eleitores dela. Todos os candidatos precisam, portanto, conhecer estas preferências e pensar na melhor forma de atendê-las.

Vamos separar estas preferências, conforme seu critério de definição, por desejos individuais e coletivos, eleitores ”Eu” e eleitores “Nós”. No grupo das individuais estariam aqueles eleitores cuja preferência por um candidato estaria associada a um benefício exclusivamente para ele. No outro, aqueles que buscam benefícios coletivos, que seriam aqueles que melhoram a vida não só daquele eleitor, mas de todos da cidade.

Como benefícios individuais poderíamos citar: uma vantagem momentânea, como um brinde irrisório diante do valor que representa o voto daquele eleitor; um emprego, geralmente que não precise trabalhar; o aluguel generoso de um imóvel de propriedade do eleitor; um contrato de fornecimento de produtos ou serviços, geralmente superfaturado. Como benefícios coletivos, teríamos: o saneamento e calçamento da rua que o eleitor mora; a melhoria do atendimento médico nos postos de saúde em geral; da segurança pública; da educação; da coleta de lixo; da melhoria da qualidade de vida da cidade.

Inicialmente é importante dizer ao eleitor qual o valor, em reais, do voto dele para que o mesmo não o venda por R$100,00, ou outro qualquer valor. Em Serra Talhada, com R$600.000.000,00 de receita em quatro anos e com 40.000 eleitores, cada voto vale R$ 15.000,00. Por outro lado, nenhuma prefeitura tem condições de atender todos os eleitores que só pensam em si, assim, teoricamente, deveriam definir as eleições aqueles que pensam de forma coletiva.

Na prática, no entanto, embora em menor quantidade, os eleitores “Eu”, aqueles que precisam da prefeitura para se darem bem,  se transformam em verdadeiros guerreiros nesta batalha desigual entre os eleitores “Eu” e os  eleitores “Nós” e geralmente mesmo em menor quantidade eles vencem a eleição, com muita determinação e mentiras, diante da apatia dos eleitores “ Nós”.

Assim os problemas do Brasil, que nascem nas eleições  municipais, têm sua raízes num pouco do jeito “Eu”, existente nos eleitores “Nós”, ao entrarem nesta batalha. Enquanto se focar primeiro pessoas as invés de modelos, isto sempre ocorrerá, pois é muito mais difícil encontrar consenso em torno de pessoas do que de modelos. Candidatos que gastão milhões para se eleger jamais trarão resultados positivos para cidade nem para o país. Estes são os maiores “Eu” do município, embora interpretem como ninguém o papel dos maiores “ Nós”.