por Carlos Filho, faroleiro

A seca, fenômeno climático periódico, só representa um problema porque não são adotadas soluções definitivas que deem ao pequeno agricultor condições de passar por ela sem ser afetado. Isso se comprova com o deficiente proceder de medidas de beneficiamento ao semiárido, e consequentemente, com o flagelo social.

O problema não é a seca, ela sempre aconteceu e continuará acontecendo. o agravante da situação é a falha distribuição de água, a má utilização do solo com o uso de queimadas por desorientação, e aliado a isso está o fato de que grandes latifundiários se beneficiam dos investimentos e créditos concedidos, aplicando-os em outros setores que não o agrícola, baseados em alianças políticas.

Ou seja, o nordeste não precisa de medidas emergenciais, mas sim de amparo efetivo, seguro e transparência nos acordos. Os resultados da seca atingem os mais vulneráveis à ela, os que não estão preparados para enfrentar o atraso da precipitação das chuvas. Quando arrendatários e trabalhadores do minifúndio são surpreendidos pela seca, são atingidos pela fome, miséria, desnutrição, e por conta dessa condição desumana se veem obrigados a sair de sua região à procura de meios de sobrevivência, iniciam o êxodo rural. Esse processo não garante melhorias já que o emigrante na nova região significa mão de obra desqualificada em abundância.

Para a seca não existe solução pois trata-se de um fenômeno natural. Porém, para cessar suas consequências, ações como a reforma agrária, uma política de irrigação adaptada à realidade nordestina, correção das práticas de exploração do solo, a transposição do rio São Francisco seriam válidas.