Paulo César é professor e escritor 

O Partido dos Trabalhadores surgiu em 10 de fevereiro de 1980, há exatos 33 anos, no Colégio Sion em São Paulo com o lançamento do Manifesto de Fundação do PT. Esse fato histórico foi fruto da união de trabalhadores (operários e campesinos) e de alguns importantes  intelectuais brasileiros, entre eles, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Perseu Abramo, Mário Pedrosa, Sergio Buarque de Holanda. No entanto, foi Lula, o líder dos metalúrgicos do ABC paulista, que
conseguiu protagonizar a maior vitória petista, a conquista da Presidência da República.

A chegada ao poder, de Lula e do PT, foi antecedida por três derrotas consecutivas, a mais frustrante delas foi a de 1989 para o agora aliado Fernando Collor, que para vencer usou das piores práticas políticas possíveis. Passaram-se, coincidentemente, 13 anos para que finalmente o Partido dos Trabalhadores atingisse o principal o objetivo estabelecido em fevereiro de 1980.

Porém, para que o PT chegasse ao poder, os seus principais dirigentes tiveram que feri-lo na alma, e para isso, desenvolveram um processo de destruição dos seus princípios éticos, políticos e ideológicos, e principalmente, rasgaram o seu Manifesto de Fundação, o documento que definia o PT como sendo uma legenda classista, socialista e de luta, um partido sem patrões, onde os projetos políticos seriam desenvolvidos após a realização de um intenso e democrático debate.

Passaram-se, coincidentemente, 13 anos para que finalmente o Partido dos Trabalhadores atingisse o principal o objetivo estabelecido em fevereiro de 1980. Porém, para que o PT chegasse ao poder, os seus principais dirigentes tiveram que feri-lo na alma, e para isso, desenvolveram um processo de destruição dos seus princípios éticos, políticos e ideológicos (…)

No PT atual não existe lugar para o amplo debate, pois as decisões são tomadas “de cima para baixo”, a militância só é convocada para participar do PED – Processo de Eleição Direita e das campanhas eleitorais. As coligações partidárias são feitas sem nenhum critério, sendo que o que predomina nessas discussões são as seguintes palavras de ordem: conquistar o poder e manter o poder.

Com esse pensamento vários dirigentes petistas acabam indiretamente engessando os movimentos sociais em todo o Brasil. CUT, UNE, MST e tantas outras entidades vivem estáticas, paralisadas, e em muitos casos acabam se tornando submissas ao atual governo federal. Lamentavelmente essas entidades, assim como o PT, acabam jogando na lata do lixo
décadas de lutas, e o pior, os sonhos da classe trabalhadora.

As coligações partidárias são feitas sem nenhum critério, sendo que o que predomina nessas discussões são as seguintes palavras de ordem: conquistar o poder e manter o poder.

Em meio a tantas contradições, dezenas de petistas históricos já deixaram o partido, em contrapartida, centenas de novos filiados passam anualmente a engrossar a fileiras partidárias, sendo que a maioria não conhece nada do partido. Nesse cenário desolador, muitos se perguntam se ainda é possível resgatar o PT e o seu Manifesto de Fundação. Essa é realmente uma resposta  difícil de dar.

Porém, é importante lembrar que ainda existem petistas espalhados pelo Brasil fiéis as ideias pregadas no início dos anos 80 e de que na política tudo pode acontecer. Tudo isso nos leva a crê que nessa buscar pela manutenção do poder, só existem dois caminho para o PT: o primeiro é virar uma “metamorfose ambulante”, assim como o PMDB, e o segundo é ficar envelhecido e sem projeto político, assim como o PFL, e no final acabar sendo destruído.

Um forte abraço a todos e a todas e até a próxima!

Em meio a tantas contradições, dezenas de petistas históricos já deixaram o partido, em contrapartida, centenas de novos filiados passam anualmente a engrossar a fileiras partidárias, sendo que a maioria não conhece nada do partido.