Por Eugênio Marinho, empresário

O que o povo vê e o que lhe dizem.

Dizem ao povo, que não têm o que esconder, mas adoram uma votação secreta.
Dizem ao povo, que são honestos, mas não querem transparência nas contas.
Dizem ao povo, que são eficientes, mas não querem comparar o realizado com o disponível.
Dizem ao povo, que são coerentes, mas logo o líder vira coronel, pelo interesse contrariado.
Dizem ao povo, que nasceram para servir, mas se servem como ninguém.
Dizem ao povo, que há prosperidade, mas a verdadeira prosperidade só eles vêem.
Dizem ao povo, que não têm nada a ver com os escândalos, mas as evidências os incriminam.
Dizem ao povo, que a culpa é da empresa contratada, mas a empresa, quem contratou?
Dizem ao povo, que Deus norteia suas ações, mas Deus nos conforta das consequências delas.
Dizem ao povo, que pagam tudo em dia, mas há quem só recebe atrasado, quando recebe.

Essa distância entre o que o povo vê e o que lhe dizem é o que justifica a descrença das pessoas na maioria dos políticos, ao mesmo tempo que alimenta nos oportunistas de plantão a grande chance de suas vidas para buscarem através da apropriação do dinheiro público um padrão de vida que nunca conseguiriam através do exercício de suas competências na vida privada. Só a análise, pelo eleitor, do histórico do candidato, pode diminuir o risco das conseqüências nefastas desta realidade. O maior desejo do povo brasileiro é elogiar os seus representantes, mas para isto, é preciso ver o que eles dizem.