ManuEmmanuelle Silva é estudante de Letras na Uast/UFRPE e estagiária no FAROL

Pensar questões de gênero, as relações entre homens e mulheres, na contemporaneidade parece extremamente simples para aqueles e aquelas que nasceram durante o fortalecimento e a popularização das reivindicações políticas dos movimentos de mulheres do fim do século XX e início do século XXI. Mas não é! O espanto e a motivação para esse texto parte das frequentes notícias de agressão contra mulheres, tanto na mídia nacional, quanto no próprio FAROL DE NOTÍCIAS.

Essas relações estão cada vez mais em debate nos mais variados espaços da sociedade, em escolas, universidades, na mídia, nos espaços religiosos etc., porém o machismo, o sexismo, os comportamentos de misoginia e a submissão das mulheres permanecem; desde as relações interpessoais, ao mercado de trabalho e à própria mídia. O debate não avançou para muitos, ainda há homens e mulheres que creem e defendem a superioridade masculina e não na igualdade entre os sexos.

Veja também:   Homem atira na cabeça da ex e é achado morto

Quando esse machismo autorizado pela sociedade patriarcal não se manifesta em atos explícitos de violência, se apresenta disfarçado em piadas, em falsos discursos de politicamente correto, em atitudes de repressão e omissão de direitos. Um exemplo disso são as listas de comportamentos, preconceituosos e estereotipados a meu ver, para as ‘coisas de homens’ e ‘coisas de mulheres’. Já nascemos sob a ditadura do gênero entre o rosa e o azul.

azul-homem-rosa-mulherPodemos exemplificar essas afirmações citando, também, os 346 casos de violência doméstica contra mulheres registradas em Serra Talhada até novembro de 2014. Um aumento de 16% (48 casos a mais) com relação a 2013. Números bastante consideráveis para um município como Serra Talhada, que foi historicamente fundada sob o coronelismo de Vila Bela e de organização familiar patriarcal. O centro seio social e familiar é o homem para esse tipo de pensamento, porém esse fato não deveria justificar tais dados, que são espantosos se comparados à conjuntura social e política que vivemos atualmente.

Veja também:   Mulher é espancada na frente de filhos menores em ST

A criação da secretaria da Mulher, no início do governo Duque, foi um passo significativo em Serra Talhada. Mesmo sem muita representação nos poderes Executivo e Legislativo, vem somando uma série ações de suporte a essas mulheres, desde o apoio a criação de espaços de debate com as serratalhadenses. No entanto, não só as mulheres devem discutir questões de gênero. As denúncias aumentaram, realmente, mas só denunciar não é suficiente. E não é só papel da secretaria da Mulher cuidar das questões de gênero, as secretarias de Educação, Saúde, Igualdade Racial, Agricultura e todas as outras devem fechar parcerias, devem levantar a bandeira da prevenção e combate à violência contra as mulheres.

Veja também:   Mulher perde tentativa de congelar óvulos na China e provoca debate