idososPor Luciano Menezes, professor com Pós Graduação em História Geral e do Brasil

O nosso reino social converteu violentamente tudo em mercadoria descartável, transformando conhecimento, artes, culturas em objetos efêmeros e modismos. Nessas sociedades volúveis, os homens são também objetos transitoriamente mercantilizados em larga escala e a baixos custos; eles se tornaram figuras vendáveis, quase sempre, caricaturas daquilo que as sociedades disseram que elas são.

Nesse jogo das despersonalizações, o jovem é parte da engrenagem emudecida da sociedade que cultua os valores econômicos e estéticos. Logo, a velhice não é bem vinda nesses espaços sociais de racionalidade produtivista e de “padrão de beleza.” Melhor dizendo, enquanto a juventude permitir é necessário cumprir a risca o ad valoren sob o culto da aparência. Na democracia fantasiosa do “produzir e consumir,” não se pode abrir mão do rótulo estético construído principalmente nos espaços de adestramentos físicos denominados academias.

O envelhecimento do homem é uma questão de tempo e não um simples critério de espírito. O filósofo Cícero afirmava que os cabelos brancos e as rugas em si, não são normas e garantias de respeitabilidade. Esse respeito seria uma recompensa de um passado exemplar, porém, essa reflexão não se harmoniza com o quadro social vigente, onde o idoso está “fora da vida ativa”, enfraquecido e próximo da morte, quase sempre, não enxergado pela família e pela sociedade; permanece separado dos jovens por um fosso enorme que fora estabelecido. Confirmando que, existir por muito tempo não significa viver muito, sobretudo, para um idoso violentado, agredido e acuado. Para as lutas sem glórias no fim da vida, só restou o enunciado de que “ninguém é bastante velho para não esperar viver mais um ano”.

Na sociedade onde o “ter” sobrepuja o “ser,” qualquer respeito à subjetividade do homem sucumbiu junto com a ética, após anos sendo escravizados por um rei conhecido como valor econômico. Na ilusão da sociedade moderna o sujeito não terá respeito e autonomia para se afirmar com homem. Nessa quimera das “possibilidades,” as aparências tomam o carimbo de realidade aceitável, e o envelhecimento se tornou a degradação daquilo que já não era considerado tão sublime – o homem sendo refutado em seu próprio espaço.

Enfim, enquanto alguns imaginem que a riqueza, o prestígio e o poder são ferramentas possíveis de tornar a velhice mais aceitável, o objetivismo econômico rechaça essa ideia, ao passo que, o homem será somente um “prestigiado específico”, porém, seu adjetivo categórico será o “velho”.