Estou longe de ser um folião de carteirinha. Muito pelo contrário.  Mas nem sempre foi assim. Cresci ouvindo os sons dos clarins de Momo, abrindo a janela para ver a passagem do Zé Pereira, fazendo a ‘guerra do talco’ e jogando confetes e serpentinas. Ainda tenho na memória a marca do talco: o Cinta Azul. Cheiroso que ele só. Guardo na memória, por exemplo; um carnaval que brinquei com o meu pai no bar Repeteco. Exatamente… Repeteco! Naquele tempo, o frevo saia na voz do Claudionor Germano e havia o prazer da confraternização.

Também não posso esquecer os bailes realizados no Club Intermunicipal de Serra Talhada (Cist) e os famosos ‘corsos’ na praça Sérgio Magalhães, no centro da cidade; onde dezenas de carros ficavam circulando por várias horas ao redor da praça. Cada turma queria fazer mais bonito e não faltavam os confetes e serpentinas em meio as gargalhadas de felicidade.

Neste domingo de carnaval fiquei me perguntando porque razão me tornei avesso a tudo isso. Sem muitas respostas, encontrei algumas pistas. Todos os símbolos da minha época foram substituídos pelo erotismo na folia, degradação das músicas carnavalescas e sinais de violência motivados pelo consumo exagerado do álcool. Ufa! será que estou ficando velho e enferrujado às vésperas de completar 50 anos? Talvez.

O fato é que não tive coragem de acompanhar Giovanni Filho, que foi ao Galo da Madrugada e para as ladeiras de Olinda. Mas acho que o romantismo do carnaval está por um fio. Saímos do “Se você fosse sincera” para a “lapada na rachada”. Nossos blocos perderam a criatividade e tornaram-se aglomerados festivos. Ops! Refiro-me apenas a Serra Talhada.

Enfim, acho um ‘saco’ ver desfile de escola de samba e vou aproveitar estes dias para ‘farolear’, ingerir minha Brahma da Antártica no recesso do meu lar e, talvez, dá uns pulinhos no carnaval de Triunfo. Sem esquecer o nosso principal polo carnavalesco, o bairro da Cagep, é claro. Bom carnaval para todos.