Publicado às 16h deste domingo (16)

Por Ivanildo Salvador, leitor do Farol 

Ano de 1500. Último ano do século XV, época das grandes navegações aonde notáveis navegadores a bordo das suas naus conduzindo um número de caravelas desbravavam os sete mares ultrapassando borrascas e, igualmente a Ulisses, vencendo os desafios postos por Poseidon, isso à procura de riqueza e de expandirem suas fronteiras e seus domínios.

Nesse contexto, Portugal buscava uma rota alternativa para um novo mundo e usando como desculpa chegar às Índias por um novo caminho, no início de março daquele ano uma grande esquadra comandada por um jovem fidalgo de apenas 33 anos de idade partiu em tal missão. Após enfrentarem várias tribulações no desbravamento do Atlântico por terem perdido a rota inicial, finalmente no dia 22 de abril do alto de uma gávea de uma das caravelas alguém avistou um ancoradouro e gritou: Terra à vista – e a prazo também – era o nosso Brasil.

Pedro Álvares Cabral, comandante daquela expedição, solicitou a Pero Vaz de Caminha que descrevesse a nova terra como um paraíso onde sabendo explorar riqueza não faltará. Não é que aquela previsão acertou em cheio! Hoje em dia percebemos o quanto aquela nova nação descoberta se tornou o local perfeito para se explorar e saquear sem correr qualquer risco, tudo como querem e fazem valer os atuais mandatários!

Mas, voltando ao passado para entender esse presente: então, logo após os portugueses perceberem a fragilidade dos nossos nativos, pobres índios, estes foram enganados cedendo nosso extrativismo vegetal em troca de alguma coisa que os atraísse. Porém com bem menos valor. Depois, tais “exploradores” saquearam o nosso minério e, enfim, nossos nativos foram escravizados.

O tempo passou, vieram os filhos de portugueses aqui nascidos e a farra só aumentava. Depois, tais descendentes passaram a ter uma nova percepção de valores já que tudo de bom que era produzido em terras tupiniquins era enviado para a Coroa Portuguesa. Por aqui quase nada ficava e assim foi nascendo o sentimento de patriotismo, de liberdade.

Assim, para conter possíveis rebelias uma pequena parte do que aqui era produzido passou a ser distribuído entre tais descendentes descontentes e quando alguma rebelia se fazia mais intensa, doava-se um pouco mais de migalhas, arrumava-se um jeitinho (o que ficou conhecido por jeitinho brasileiro), comprava-se o contentamento com uma mínima benfeitoria, era o toma lá e se cala; era o início da propina, a precursora da corrupção!

De lá pra cá, mais de 500 anos após, o que mais se vê é como cresceu e se expandiu o chamado jeitinho brasileiro (gorjeta, suborno, gratificação). Aqui tudo é ligado ao que simboliza isso tudo – propina; ela veio incrustada na alma do brasileiro, é a única mola que não impulsiona, mas que faz travar toda a riqueza do nosso rico/pobre Brasil!

E a nossa nação cresceu vendo ser extraída do seu dorso através de vermes, de parasitas tudo aquilo que ela tem de valor, o que produz de melhor sendo que hoje em dia isso não é mais enviado para coroa portuguesa, mas sim para outros lugares, os chamados paraísos fiscais. Ela só não definhou ainda porque aqui se produz muita riqueza, o alimento que nutre esses poucos oportunistas.

Contudo, a nossa nação que é a nossa mãe pátria sofre sem nada poder fazer na distribuição daquilo que ela produz, vendo tão poucos parasitas lhe sugerem o que ela tem de melhor, consumirem toda sua riqueza em detrimento da imensa maioria dos seus filhos! Então, por que não se combate a propina que tem ligação direta com a corrupção e que tanto mal faz à nação? Porque isso está no DNA de quem comanda esse país vindo desde o tempo quando erraram o caminho para as Índias e encontraram o PARAÍSO dos índios.

Hoje, somos os índios modernos, achamos ser superiores, mas somos mais ingênuos ainda, pois temos o conhecimento e nos fazemos de cegos e não passamos de uma multidão de adestrados vendo nosso reino tão valioso sendo saqueado e conduzido por três reis magos, ou melhor seria dizer: TRÊS REIS MAUS (executivo, legislativo e judiciário) vorazes instintos famintos pelo poder que brigam e se afagam entre si na divisão do que se produz na nação e na distribuição de tudo entre si e os seus poucos protegidos na validação de tantos malefícios.

Mas, isso já é assunto para outro capítulo desse reinado.