Pastor rebate colunista do Farol sobre DeusPor Paulo César Nascimento, pastor da Igreja Batista Missionária

Publicado às 05h04 desta quinta-feira (2)

Esta é uma resposta ao texto da colunista do “Farol de Notícias”, Manu Silva, intitulado “Se Ele fez o ‘homem’ a sua imagem e semelhança, Deus é LGBT, sim!”. Já que ela tornou pública sua opinião expressando-a em redes sociais, acredito que ela também está disposta a ter sua opinião contestada publicamente.

Não sei o que mais me assusta: se, a intolerância daqueles que acusam os outros de serem intolerantes, o desrespeito dos que exigem e querem respeito ou, se, a completa ignorância bíblica e teológica dos que deturpam as Escrituras Sagradas para abonar comportamentos reprováveis e inaceitáveis diante de Deus. Não posso afirmar se a sua “interpretação” (ou melhor, distorção) das Escrituras (Gênesis 1.26, 27) foi intencional e proposital ou se foi por pura ignorância hermenêutica e teológica. Prefiro acreditar que foi por essa segunda razão. Porém, seja qual tenha sido a razão, vamos ao texto!

1. Em Gênesis 1.26, 27, está escrito que Deus criou o homem (Hebraico: adamah, humanidade, gênero humano) sua imagem e semelhança. O texto segue dizendo, “homem (Hebraico: ish, macho) e mulher (Hebraico: isha, fêmea)” os criou. Jesus citou esse texto no Novo Testamento. No Evangelho de Mateus 19.4, Ele disse que “o Criador, desde o princípio, os fez homem (Grego: arsên, macho) e mulher (Grego: thêlus, fêmea). Ou seja, Deus criou dois seres bem distintos: macho e fêmea, sexo masculino e sexo feminino.

2. O que é a “imagem e semelhança” de Deus no homem? A imagem e semelhança de Deus no homem não tem ligação nenhuma com os aspectos físicos. Deus não criou o ser humano física ou biologicamente semelhante a Ele. Jesus disse para a mulher Samaritana que, “Deus é Espírito” (João 4.24). Conversando com os seus discípulos, após a Sua ressurreição, Ele disse que “um espírito não tem carne nem ossos” (Lucas 24.39). Quando a Bíblia fala dos “olhos do Senhor”, da “mão e braço do Senhor”, da “boca do Senhor”, das “narinas do Senhor”, está empregando uma figura de linguagem chamada “antropomorfismo”, ou seja, atribuição de formas humanas a Deus. O emprego desse tipo de linguagem é para que nós humanos possamos ter o mínimo de compreensão de quem Deus é, do que Ele faz e de como Ele age.

O que significa a “imagem de Deus” no homem? Em que aspectos o ser humano é semelhante a Deus? A “imagem” de Deus no homem o diferencia de todos os seres e de todas as coisas criadas por Deus. Somos a “imagem e semelhança de Deus” nos seguintes aspectos: (1) aspectos morais (temos um senso íntimo de certo e errado, somos moralmente responsáveis); (2) aspectos espirituais (somos seres espirituais, possuímos espiritualidade); (3) aspectos mentais (temos a capacidade de racionar, criar, pensar logicamente); (4) aspectos relacionais (temos a capacidade de nos relacionar com Deus e com a sua criação). Nenhum outro ser na criação possui moralidade, espiritualidade, racionalidade e capacidade relacional, apenas o ser humano.

3. Deus está em todas as coisas? Claro que não! Essa é uma perspectiva panteísta, não bíblica. Deus criou todas as coisas, sustenta todas as coisas com o seu poder, mas ele é distinto de todas coisas criadas (Atos dos apóstolos 17.24-28). Ele tudo Criou, mas Ele não é tudo nem está em tudo.

4. Deus ama a todos indistintamente? Sim! Deus ama homens e mulheres, negros, brancos, indígenas, ricos e pobres. Ele amou o mundo de tal maneira que deu o seu único Filho (João 3.16). Mas, isso não significa que ele aprova, abona, concorda e autoriza todo e qualquer tipo de comportamento moral e ético. A Bíblia diz que Deus é Santo. Ele possui santidade absoluta (Isaías 6.2). Determinados comportamentos afrontam e ofendem o seu caráter santo. A ordem dele para aqueles que o servem ou desejam servi-lo é: “Sede santos, porque eu sou santo” (1Pedro 1.16).

O mesmo Deus que ama a todos indistintamente é o mesmo que conclama a todos a que se arrependam dos seus pecados (Lucas 3.3-14; Mateus 4.17; Atos 17.30, 31). Arrependimento envolve tristeza pelo pecado, mudança de mente e de comportamento. Quando os religiosos queriam apedrejar aquela mulher pega em flagrante adultério, Jesus lhes disse: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra” (João 8.7). Mas, logo em seguida, disse para a mulher: “Nem eu tão pouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8.11). Ou seja, após perdoar aquela mulher do seu adultério, Jesus lhe disse que não continuasse naquela prática. O amor e o perdão do Senhor Jesus não é uma autorização para que continuemos envolvidos com o pecado, mas, sim, uma nova oportunidade para que abondemos o pecado.

Sim, Ele ama a todos indistintamente (homens, mulheres, adúlteros, ladrões, homossexuais, religiosos hipócritas, ateus, agnósticos, prostitutas, pedófilos, beberrões, assassinos, avarentos, orgulhosos, negros, brancos, indígenas e etc.) e está de braços abertos para receber e perdoar a todos aqueles que, arrependidos, buscarem o seu perdão. Todo pródigo arrependido, consciente do seu pecado, desejoso de mudar de vida que vier à casa do Pai, receberá dele o abraço, a aceitação, o perdão, uma nova oportunidade. Qualquer ser humano, indiscriminadamente, pode vir a Ele no estado ou na condição que estiver. No entanto, quem vem a Ele, jamais permanecerá no estado ou na condição que estava! Todos os que um dia tiveram um encontro com Jesus de Nazaré, tiveram suas vidas transformadas!

5. Intolerância, discriminação e julgamento é sinônimo de “discordar”? Claro que não! Intolerância é não aceitar ter sua opinião contrariada; é querer impor aos outros seus conceitos, ideias, filosofias de vida e ideologias; é “taxar” de intolerante, fundamentalista, homofóbico, preconceituoso aqueles que não concordam com a sua opção sexual; intolerância é debochar, ridicularizar, satirizar, desrespeitar a crença e os símbolos da fé dos outros em nome da “arte” ou da “liberdade de expressão”; intolerância é exigir o respeito dos outros e não dar aos outros o devido respeito. Isso é intolerância!

6. Pra terminar, uma simples pergunta: se um grupo de atores católicos e protestantes escrevesse e apresentasse uma “peça teatral” (diga-se de passagem, uma manifestação da “arte”) debochando, satirizando homossexuais, gays, lésbicas, transexuais, travestis e bissexuais, como vocês acham que a comunidade LGBT e seus simpatizantes reagiriam? Considerariam como “arte” ou veriam como homofobia e preconceito? Se os mesmos atores elaborassem uma “expressão artística” escarnecendo e desrespeitando as religiões afro-brasileiras ou o Islamismo, como a mídia brasileira e o mundo reagiriam? considerariam como “arte” ou veriam como preconceito racial (“negrofobia”) e religioso (“islamofobia”)? A resposta a essa pergunta é mais do que óbvia!

Concluo, no entanto, deixando muito claro que, se por alguma razão atores católicos ou protestantes fizessem tal coisa, não teriam a minha aprovação, e, pior, estariam negando a sua própria fé e contradizendo o que dizem ser: seguidores de Cristo! A palavra de Cristo para os seus seguidores foi e continua sendo: “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Mateus 5.44, 45). Escrevendo para a igreja de Roma, o apóstolo Paulo disse: “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quando depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas, dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12.17-19, 21).

Que o Cristo, o Filho do Deus Vivo, tenha misericórdia daqueles que, presunçosamente, O afrontam e blasfemam do seu Nome!