Do UOL

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apresentou hoje à Organização Mundial da Saúde (OMS) as ações adotadas pelo governo brasileiro no combate à pandemia. Sem citar o número de mortes, ele se referiu ao total de casos e destacou o número de pessoas recuperadas. A atualização ocorreu durante a reunião semanal que a agência realiza com governos de todo o mundo.

Pelos dados da OMS, o Brasil é o segundo país com o maior número de mortes pelo coronavírus, em termos absolutos. De acordo com governos estrangeiros que estavam no encontro virtual, Pazuello atualizou os especialistas e o próprio diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, sobre as medidas implementadas no país e indicou a vontade do governo em fazer parte das alianças internacionais, inclusive para a vacina.

Mas o ministro não citou o fato de o país ter superado a marca de 100 mil mortes, ainda que tenha expressado solidariedade com aqueles que perderam familiares e pessoas queridas. Pazuello expressou seus “sentimentos sinceros a todos que perderam entes queridos para a covid-19 e conhecer imenso sacrifício pessoas que profissionais de saúde fazem diariamente para ajudar o próximo”. “O Brasil se solidariza com vocês”, disse.

No discurso, ele se limitou a falar do número total de infectados e apontou para quantos se recuperaram.

O chefe da pasta ainda mencionou a Constituição Federal e o fato de que o acesso à saúde é um direito de todos e um dever do estado. No balanço, ele ainda citou o que o governo está fazendo para lidar com a situação entre os indígenas.

“O desafio que enfrentamos deixará lições importantes”, disse. “Mais do que simplesmente uma emergência de saúde, a atual pandemia resultou em uma crise econômica-social em escala jamais vista”, disse.

O ministro ainda defendeu como “um sistema universal de saúde forte” e o acesso à vacina permitirão o mundo “vencer esta batalha”. “De nossa parte, saibam que o Brasil seguirá engajado nesta luta”, disse.

Em maio, Pazuello já havia participado de uma outra reunião da OMS e, naquele momento, insistiu que a colaboração entre governo federal e os estados estava em funcionamento.

No início da semana, a direção da OMS havia alertado que a proliferação do coronavírus no Brasil não caia, que a cloroquina não funcionava e a doença continua ativamente se espalhando pelo país.

Para a OMS, o distanciamento social precisa ser mantido no Brasil. Mas reconheceu que a sociedade precisa de ajuda.

“É difícil para muitos no Brasil”, disse Mike Ryan, diretor de operações da OMS. “Muitos vivem em locais lotados e na pobreza. Manter essas atividades é muito difícil. “O governo deve continuar a dar apoio à sociedade. É difícil agir como comunidade se não recebe apoio. Não se pode empoderar comunidades com palavras. Elas precisam de ações. Ela precisa de recursos e conhecimento. Sociedades não podem agir com as mãos atadas nas costas. Elas precisam receber recursos e meios para agir”, alertou o chefe da OMS.

Para Ryan, o Brasil continua a registrar entre 50 mil e 60 mil novos casos por dia, com uma taxa de proliferação entre 1,1 e 1,5. “O vírus ainda está ativamente se espalhando por grande parte do país”, alertou.

“O Brasil está mantendo um nível muito elevado da epidemia. A curva está mais achatada. Mas ela não está caindo e o sistema está sob dura pressão”, afirmou.

O irlandês voltou a repetir uma posição já conhecida da OMS de que a hidroxicloroquina não serve. “Num cenário como ele, o remédio não é a solução e não é a bala de prata”. Por meses, a agência realizou testes com o remédio. Mas chegou à constatação de que ele não traz benefício.

“Cabe ao governo de forma soberana decidir qual é o melhor tratamento. Mas, no momento e a partir dos testes, ele (o remédio) não se mostrou eficiente”, disse.