Do g1

Foto: Société historique de Saint-Boniface Archives

A polícia canadense anunciou na sexta-feira (18) a prisão de um padre católico por suspeita de agressão sexual a uma estudante indígena há cinco décadas, as acusações mais recentes contra uma pessoa envolvida no histórico escândalo destes internatos no país.

Arthur Masse, de 92 anos, agora aposentado, foi acusado de “agressão indecente” e posteriormente colocado em liberdade condicional. Ele deverá comparecer perante a Justiça em 20 de julho.

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A vítima que levou à prisão de Masse tinha 10 anos quando teriam começado os abusos no internato de Fort Alexander, em Manitoba, entre 1968 e 1970.

Líderes indígenas reivindicam que os ex-professores e coordenadores desses internatos sejam processados, após a terrível descoberta no ano passado de mais de 1.300 sepulturas nos locais onde estes centros funcionavam, revelando um capítulo sombrio da história colonial do Canadá.

Cerca de 150.000 indígenas, crianças métis e inuits, foram internados à força em 139 internatos, do final dos anos 1800 até a década de 1990 em todo Canadá. Passaram meses, e até anos, isolados de suas famílias, língua e cultura.

Muitos deles sofreram abusos físicos e sexuais. Acredita-se que milhares morreram de doenças, desnutrição, ou negligência.

De acordo com a emissora britânica CTV NEWS, o sargento da polícia canadense Paul Manaigre disse que os policiais entrevistaram mais de 700 pessoas em toda a América do Norte durante a investigação, coletando mais de 75 depoimentos de testemunhas ou vítimas durante a investigação.

“Os investigadores vasculharam milhares de documentos, incluindo listas de estudantes, listas de funcionários e relatórios trimestrais para identificar possíveis vítimas”, disse.
A escola foi inaugurada em 1905 na comunidade de Fort Alexander, que mais tarde se tornou Sagkeeng First Nation, e fechada em 1970.

“A vítima neste caso passou por muita coisa em meio ao processo de investigação e se manteve firme para levantar a voz sobre o que aconteceu com ela”, afirmou o sargento, em entrevista coletiva.
“O mais importante para ela, em um dia como hoje, é que ela foi ouvida”, acrescentou.

Em comunicado, a Arquidiocese de São Bonifácio disse estar profundamente triste com a notícia da prisão. Leia abaixo:

“Cada vez que o crime hediondo de abuso sexual é denunciado, todas as vítimas de tal abuso, assim como suas famílias e comunidades, são feridas novamente”, disseram em comunicado. “A Arquidiocese de São Bonifácio deseja se solidarizar com todas as vítimas de abuso sexual e, mais particularmente, aquelas que sofreram esse abuso enquanto estudantes de escolas residenciais indianas operadas por membros da Igreja Católica. Desejamos expressar nossa vergonha e tristeza. Queremos ouvir, pedir perdão e aprender como o povo de Sagkeeng pode nos permitir fazer parte de sua cura e reconciliação.”