AlepeEstá aprovado. Por 38 votos a favor, uma unanimidade entre os que estiveram presentes, os deputados da Assembleia Legislativa reajustaram, ontem, os próprios salários. A partir de 1º de fevereiro, quando se inicia a nova legislatura, eles vão receber R$ 25,2 mil, cerca de R$ 5,2 mil a mais do que recebem atualmente, o que representa 26,34% de aumento. O presidente da Casa, Guilherme Uchoa (PDT), conduziu a sessão, mas não precisou votar, porque sua posição só exige o voto em caso de empate. O próximo aumento da Assembleia só acontecerá em 2019. Mas não há desvantagem. De 2006 para cá, as excelências tiveram um reajuste de 165% nos subsídios. O salário mínimo subiu 125% nesse período, enquanto a inflação acumulada, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumir Amplo (IPCA), é de 60,13%.

Não houve debate durante a votação, apenas a leitura e chamada nominal dos deputados, feita de forma rápida, sem precisar de ninguém dizer “presente” ou “sim”. Foram três minutos para o desfecho. No início da sessão, houve um único protesto, tão rápido quanto a votação. O trabalhador Heraldo Lira entrou na galeria da Casa com uma gravata de carnaval e gritou: “ei, você aí, me dá um dinheiro aí”, sendo convidado para sair por um PM.

A matéria foi aprovada em primeira discussão e segue para segunda discussão hoje, sem possibilidade de mudança. O novo valor dos subsídios equivale a 32 salários mínimos de R$ 788,00 e a renda média do trabalhador recifense, segundo o IBGE, é de R$ 1,5 mil. O presidente da Casa, inclusive, mudou o tom ao falar sobre o assunto ontem com a imprensa. No dia anterior, Uchoa comparou o reajuste dos salários dos deputados com o salário mínimo, frisando que o mínimo tinha aumentado mais de 40% nos últimos quatro anos, enquanto o dos deputados apenas 26,34%. Ele amenizou, porém, voltou a escorregar.

“Sei que um salário mínimo é insignificante, o trabalhador recebe muito pouco, o trabalhador para chegar nesse teto tem que trabalhar mais de 30 meses, entendo tudo isso… mas eu não vejo nada de imoral, nada de ilegal. (O reajuste) foi aprovado por unanimidade, pelos governistas e pela oposição, às claras, à imprensa ao público…”, disse, escorregando em seguida ao ser indagado sobre o protesto isolado na galeria.

“A reclamação do salário mínimo não é nessa Casa. Ele errou o caminho, é em Brasília com a presidente Dilma. Ele deve ter pego o ônibus errado. Manifestação nós aceitamos, provocação não”, disparou.

(Diário de Pernambuco)