lula-e-dilmaDiante da desacelaração da economia e seus reflexos nas eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem do governo estímulos ao consumo. Durante seminário realizado em Porto Alegre, ele aproveitou a presença do secretário do Tesouro, Arno Augustin, para dar sua receita de combate à estagnação.

“Arno, um dia você vai ter que me explicar: se a gente não tem inflação de demanda, por que estamos barrando o crédito?”, provocou. Em seguida emendou: “Não temos que ter medo. Acho que temos que ficar um pouco mais afoitos agora. Só seguir a rotina técnica não dá mais certo”. “O crédito melhora a vida de todo mundo. Podemos chegar a 80% do Produto Interno Bruto (PIB) para crédito, 90%, não tem problema nenhum”, ressaltou.

Num recado mais direto aos bancos públicos, pediu que colocassem “um pouco do charme do compromisso social para a gente melhorar um pouco a situação”. “Se depender só do pensamento do Arno, você não faz nada, mas não é por maldade, não. Um tesoureiro de um sindicato também é assim”, observou.

Imprensa
O principal cabo eleitoral do país criticou ainda a imprensa pelas notícias negativas em relação à economia, pois elas não teriam “lógica nem explicação, a não ser a necessidade de não informar corretamente a população”. Na sua avaliação, a grande mídia se mostra preconceituosa contra a presidente. “Esperar que a nossa gloriosa imprensa informe corretamente as coisas é querer demais. Se depender dela, o Brasil acaba todo o dia”, criticou.

Sobre as comparações mais recentes feitas entre Brasil e México, favoráveis ao país da América do Norte, Lula assegurou que a economia brasileira ainda é mais competitiva. “O México foi apresentado como a grande novidade do século 21, melhor que o Brasil. Era mentira. Não há nenhum indicador comparável aos nossos”, resumiu.

Por fim, o ex-presidente recomendou a Augustin a criação de um fundo de comércio exterior no valor de US$ 2 bilhões para incentivar o fluxo bilateral com a África. Ele apontou a indústria automotiva brasileira como uma das mais beneficiadas pela medida. Segundo ele, as montadoras deveriam se comprometer a produzir para o mercado africano, atendido hoje.

( Diário de Pernambuco )