Um dos principais procuradores da Lava Jato disse que até 350 novas investigações serão iniciadas em decorrência da leva de depoimentos de executivos da empreiteira Odebrecht, revelando como a corrupção percorre todo o espectro político, das menores cidades aos escalões mais altos do governo.

Carlos Lima, decano de uma equipe de procuradores de Curitiba que há três anos toca a investigação da Lava Jato, disse que os relatos da Odebrecht ampliam o inquérito muito além das expectativas e que irão envolver congressistas de destaque, veteranos do Poder Executivo e outras figuras do poder.

Na terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal para iniciar 83 novas investigações sobre políticos baseadas nos depoimentos ainda sigilosos. Ele ainda solicitou que outros 211 casos em potencial sejam encaminhados a instâncias inferiores.

“Eu diria que, entre os casos que vão ao Supremo e os que ficam aqui em Curitiba, eu calcularia que em torno de até 350 novas investigações vão começar”, disse Lima à Reuters na terça-feira em seu escritório na capital paranaense.

As revelações podem derrubar o governo do presidente Michel Temer, afirmam especialistas, ou afetar a perspectiva de reformas econômicas, que animou os mercados financeiros brasileiros e fez o real ficar entre as moedas de melhor desempenho no mundo em 2016.

A Odebrecht é uma de várias grandes empreiteiras que pagaram bilhões de dólares de propinas a políticos e executivos de estatais, especialmente a Petrobras , durante anos.

A Lava Jato começou três anos atrás investigando um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef, cujo depoimento revelou o vasto esquema envolvendo algumas das maiores lideranças políticas e empresariais do país.

Desde que assinou o maior acordo de leniência do mundo com procuradores brasileiros, norte-americanos e suíços no final do ano passado, a Odebrecht se tornou alvo de inquéritos de várias nações latino-americanas, nas quais admitiu ter pago propinas para garantir contratos.

Do Reuters