Queimadas de lixo no AABB afetam moradores em ST

Publicado às 22h desta sexta (22)

Nesta sexta-feira (23), Janaina Kehrle Mourato Bezerra, 49 anos, sobrinha da proprietária do Colégio Francisco Mendes em Serra Talhada, entrou em contato com o Farol de Notícias, para relatar o problema que os alunos da escola têm enfrentado devido às queimadas constantes nas imediações do colégio.  

“A gente chega para deixar os filhos no Colégio Francisco Mendes, e toda semana é desse jeito, queimada aqui. A sala de aula, insuportável. Eu queria pedir que as autoridades intervissem, tomem uma providência em relação a isso. É fogo aqui toda semana. Se tiver fiscalização? É sempre nesse horário. É só uma questão de boa vontade dos órgãos, de tomar uma providência e descobrir quem está fazendo isso toda semana”, desabafou Janaina Kehrle, acrescentando:

“A minha indignação é como mãe de aluna do colégio. Isso vem acontecendo de uma maneira que só não vê quem não quer. Se existe uma fiscalização, eu sei que ela é falha, porque a própria AMMA, através de Ercílio, me disse hoje que só tem três fiscais para cobrir Serra Talhada inteira. A gente precisa unir forças com esse órgão, para que possa estar conscientizando a população, que está agindo de maneira errada. Que o poder público possa tomar uma providência! Eu acredito que o Farol é um canal que tem proposto isso, mudanças têm acontecido através das denúncias relatadas nesse jornal. Estou cansada de ver aquilo ali [queimadas], e também cansada de escutar as minhas filhas relatarem que não conseguiram ficar em sala de aula porque tinha fumaça na escola”.  

O OUTRO LADO

Nesta sexta-feira (23), o Farol de Notícias entrou em contato com o presidente da AMMA – Agência Municipal de Meio Ambiente, Ercilio Ferrari, que relatou o drama para conseguir atender as demandas da cidade: 

“Nós da Agência Municipal de Meio Ambiente temos três fiscais concursados que atuam na fiscalização, licenciamento e monitoramento das questões ambientais do município de Serra Talhada. Neste período do ano, a gente tem um período extremamente crítico, que é o período da seca, do verão. A vegetação está extremamente seca e, atrelado a isso, temos o mal comportamento da sociedade; de não fazer o descarte de forma adequada dos lixos, dos resíduos sólidos. 

Jogam em terreno baldio, no meio da rua, e isso acarreta vários problemas. A gente entende que é um problema também cultural da nossa região, porém é uma situação que nos deixa muito triste; porque tentamos de todas as formas monitorar, garantir o sossego e a segurança ambiental do nosso município; mas a gente tem dificuldade. 

A gente ficou sabendo desse incêndio hoje pela manhã, a Janaína nos procurou. O grande problema é que quando a gente chega ao local não encontra a pessoa que ateou o fogo, encontra somente a queimada. Os vizinhos não nos ajudam a dizer quem foi, porque geralmente quem coloca fogo são as pessoas da vizinhança. 

A gente tem atuado em parceria com o Prevfogo, com o Corpo de Bombeiros, para mitigar um pouco esses incêndios, mas são coisas que enquanto a gente está apagando um, tem dois,  três focos na cidade, e a gente não consegue dar conta de todos. 

A gente começou um trabalho no bairro do AABB de notificação com os donos dos terrenos, porque o proprietário do terreno tem a responsabilidade de manter o terreno limpo e cercado. Neste período do ano, a gente vai intensificar a nossa atuação para notificar e multar as pessoas que têm terrenos baldios. É uma situação extrema, mas, infelizmente, necessária. Dado o momento tão delicado que a gente está vivendo. 

A gente lamenta muita pela situação, a gente é solidário. Hoje, a gente já foi para a Várzea, já recebemos denúncia do Vila Bela, da Cejep, de focos de incêndio, que acaba deixando a gente num sentimento de estar enxugando gelo; porque a gente vai para um lado e acontece no outro. A gente acaba tendo dificuldade nesse sentido”. 

O Colégio Francisco Mendes também se pronunciou sobre o caso enviando uma nota: 

“Nós do Colégio Francisco Mendes temos sofrido ao longo do ano inteiro com o acúmulo de lixo nas ruas e loteamentos que ficam atrás da nossa instituição, por não haver limpeza e coleta deste lixo, como agravante, algumas pessoas ateiam fogo a esse material, o que causa incêndios na mata, fazendo com que toda a região das Pitombas e AABB sintam os efeitos nocivos causados pela fumaça. 

É uma situação recorrente e muito preocupante, principalmente para nós que temos salas abertas e crianças, professores e funcionários que frequentam a escola durante todo o dia. Fazemos um apelo para que a prefeitura aumente a fiscalização e os investimentos, tanto na coleta e limpeza das vias destas ruas que tem se tornado um verdadeiro lixão, como também na conscientização e na aprovação de leis mais duras para aqueles que praticam este tipo de crime.

Como sugestão, seria possível colocar depósitos ou coletores de lixo para que as pessoas daquela região depositem o lixo? Assim ele poderia ser coletado semanalmente, pelo menos. Seria possível conscientizar a população do lugar? Mas tudo isso precisa ser apoiado pelo aumento do rigor na fiscalização e na punição via leis municipais de proteção e preservação ao meio ambiente”.

Imagens e vídeos enviados por Janaína:

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