Fotos cedidas pela família ao Farol

Publicado às 17h desta quarta-feira (19) 

No último sábado (15), na rua Sebastião Ferreira da Silva no Ipsep, a fisioterapeuta Kátia Micilleny Xavier Diniz, de 22 anos, teve o pior momento de sua vida. Seu filho Nicollas Souza Xavier Diniz, de apenas 15 dias se engasgou e ficou sem respirar, no momento de desespero a família foi até a calçada para pedir ajuda.

Foi quando o vendedor João Pedro Roque Barros, 34 anos, o policial militar Flávio Roseno da Silva, 43 anos e o PMPB Carlos Roberto de Lima, 44 anos começaram a socorrer o bebê, no momento em que os três chegaram lá Nicollas já estava roxo e sem respirar, de imediato os procedimentos foram feitos e o bebê foi levado ao hospital entre a vida e a morte.

A agilidade foi primordial no salvamento e a família agradece. Na terça-feira (17), a reportagem escutou todos os envolvidos, entenda toda a situação abaixo.

“Minha mãe tinha acabado de dar mamadeira a ele, colocou ele para arrotar e colocou comigo, fiquei com ele deitado, não foi coisa de 2 minutos ele tossiu e colocou leite para fora, pelo nariz e pela boca, com isso ele ficou engasgado. Comecei a gritar, minha mãe chegou e ficou mais nervosa ainda, meu pai veio e ficou batendo nas costas dele e ele começou a ficar roxo e sem chorar, foi quando minha mãe começou a gritar no meio da rua e eles vieram socorrer, ele ainda chorou aqui na calçada, mas parou de novo e rapidinho eles levaram Nicolas para o hospital. Ele ficou internado em observação, mas graças a Deus ele não teve nada. Eles foram uns anjos que apareceram porque meu marido demorou a chegar e se não fosse eles, Nicolas não tinha sobrevivido”, ressaltou Kátia emocionada.

Os avós também se desesperaram com a situação de Nicollas e foi então que correram para pedir ajuda na rua. O avô Antônio Carlos, 47 anos deu seu depoimento emocionado.

“Foi providencial o que eles fizeram, agiram muito rápido, demorou uns dois minutos aqui com ele sofrendo e a gente sem conseguir fazer com que ele voltasse, eles tentaram reanimar ele, dando massagem e tudo, conseguia desengasgar, mas engasgava de novo, eles não esperaram ninguém, entraram no carro levaram Nicolas para o hospital rapidamente e conseguiram salvar a vida dele. Temos muito a agradecer, foi um momento de dificuldade muito grande, eu nunca tinha passado por isso, vê-lo assim sem respirar, do jeito que veio para o meu braço e eu não tenho a experiência que eles tinham, coloquei ele emborcadinho, mas ele baixou bem e eu não. E também agiram rápido na ida para o hospital, porque se tivesse ficado aqui eles tentando socorrer, talvez tivesse piorado a situação. A médica disse que não sabe como ele escapou, porque ele chegou lá muito roxo, mas conseguiram aspirar a tempo”, agradeceu e a avó Marli Xavier Sá Diniz, 49 anos, completando:

“Primeiramente Deus e segundo eles, porque eles agiram muito rápido. A gente só tem a agradecer, porque a gente ficou sem reação, foi muito aperreio, que até hoje estou doente”.

DEPOIMENTOS DAS PESSOAS QUE SALVARAM O BEBÊ

Todos que presenciaram a situação ficaram mexidos, foi agoniante, mas João Pedro Roque Barros, Flávio Roseno da Silva, 43 anos e Carlos Roberto de Lima, tiveram agilidade e conseguiram salvar o bebê. João Pedro relatou que nem estaria no local se não tivesse saído para comprar uma medicação para a sua filha. Até os desencontros do dia foram essenciais para que tudo se encaminhasse no salvamento de Nicollas.

“Quando foi umas 21h a gente saiu para comprar um remédio e na volta fomos deixar os filhos de Carlos na casa deles. Ao chegar lá, os meninos foram brincar e eu peguei uma moto para ir deixar uma marmita para minha sogra, ao sentar na calçada eu escutei um pedido de socorro e a gente não sabia o que tinha acontecido, eu segui para a residência para ver o que era e me deparei com a situação, o avô estava com a criança tentando fazer a criança voltar. O bebê estava muito roxo, sem conseguir respirar, eu peguei a criança e tentei fazer o procedimento, chamei minha esposa, Carlos já estava no caminho também, Carlos começou a fazer o procedimento e a gente viu que não estava dando retorno, eu peguei meu carro e fomos eu, Carlos e Flávio até o hospital”, explicou João Pedro, detalhando:

“O trajeto todo foi aterrorizante, porque Carlos vinha fazendo o procedimento com a criança, eu dirigindo e Flávio ajudando pedindo para as pessoas saíssem da frente, o bebê dava uma respirada e parava, chegamos no hospital a equipe já atendeu ele, quando fui chegando no hospital já comecei a buzinar para chamar atenção, porque cada segundinho que passava ali era importante para poder ter um atendimento mais rápido. A gente que é pai se preocupa bastante, a gente fez o que tinha que fazer, estávamos ali no momento certo, na hora certa, acho que tudo que aconteceu durante o dia, o fato de comprar a medicação, como falei no começo, os horários, tudo foi propósito de Deus para que a gente pudesse estar na hora certo. A situação foi tensa, porque eu estava dirigindo rápido para chegar logo no hospital, mas ao mesmo tempo com muito cuidado porque Carlos estava com o bebê fazendo os procedimento e no final foi muito gratificante saber que ele estava bem”.

O policial militar de Conceição na Paraíba Carlos Roberto fez mais de 50 vezes o procedimento de salvamento no bebê. Ele que é pai de duas crianças se desesperou e relata que só pensava em seus filhos e relatou que não tem nem como descrever a sensação de alívio de saber que Nicollas ficou bem.

“Eu estava em casa, sentado na sala e minha esposa estava na calçada conversando com a prima, foi quando a vó da criança começou a gritar pedindo socorro e o avô saiu com o bebê roxo, minha esposa começou a me chamar e eu corri lá e vi que ele estava sem respirar. Fiz os primeiros socorros, ele voltou a respirar, mas alguns segundos depois ele parou de respirar novamente, foi quando eu chamei João Pedro para a gente levar o bebê para o hospital, Flávio foi com a gente para ajudar com o trânsito. Da casa deles até o hospital fiz uns 50 procedimentos nele, quando chegamos lá ele ainda estava roxinho, ele foi atendido de imediato e ele foi voltando. Com essa situação eu quase não consigo dormir de noite, foi muito complicado mantê-lo respirando até o hospital, eu tenho dois filhos e eu só pensava neles e eu vi a hora o bebê falecer nos meus braços, nunca pensei em passar por isso na minha vida, mas a satisfação de saber que ele ficou bem, ave Maria, só Deus sabe como me senti”, explicou.

O policial militar de Belém do São Francisco Flávio Roseno da Silva foi na parte de trás do carro pedindo para que as pessoas saíssem da frente pois era uma emergência, os três trabalharam em equipe para o salvamento. Flávio ainda relatou que apesar de ser treinado para uma situação dessa, ainda é difícil passar por isso.

“Realmente foi uma situação difícil, mas Deus coloca as pessoas certas na hora certa, Carlos estava em casa com João Pedro e eu tinha acabado de chegar, não fazia 2 minutos que eu tinha colocado o carro na garagem e a gente escutou aqueles gritos de desespero e choro da mãe da criança. Quando vi João Pedro já estava com o carro manobrado, fomos no carro dele e durante todo o caminho Carlos foi fazendo vários procedimentos de primeiros socorros e era quando a gente escutava ele chorar e respirar, foi quando ficamos mais aliviados. Quando percebemos que ele estava salvo, foi a melhor sensação possível, a sensação de ajudar o próximo, de dever cumprido, é muito gratificante. É muito bom contribuir, acima de tudo com a vida de uma criança, graças a Deus teve um final feliz. Mesmo nos deparando com isso na nossa profissão, é uma situação difícil, porque você quer vencer aquilo, quer ir contra o tempo, porque cada segundo é importante para ter um final feliz, mas é quando se tem que manter a calma e eu acredito que Deus prepara tudo, a sensação é muito boa, não tem dinheiro que pague o que senti”, relatou.