Não sou pai ainda e fico pensando o quão deve ser difícil assumir um papel tão nobre nos dias hoje, quando tudo é tão pernicioso, as relações parecem frágeis e os valores se diluem facilmente como quando se saboreia um algodão doce. Ser pai atualmente, sem menosprezar a sacralidade natural das mães, é ser antes de tudo um forte, como diria Euclides da Cunha. Espelho de valores e ensinamentos, os pais surgem para nós, filhos, como os super heróis.

Eu tenho um assim em casa. E dias como os de hoje, 13 de setembro, nos fazem refletir o quanto é bom tê-los ao nosso lado, mesmo depois de crescidos. Dias assim nos fazem perceber: vamos crescendo e o mundo não gira em favor dos filhos, mas dos pais que vão necessitando cada vez mais da nossa preocupação e cuidado. De repente nos damos conta que nossos pais são seres frágeis como nós. Mas capazes de grandes proezas em favor da prole.

Dias como os de hoje me chegam com o timbre daquela música tocada pelo poeta Renato Russo. E que começo a entender somente agora o porquê da frase “são meus filhos que tomam conta de mim…”. Estou com quase 30 anos e ainda me sinto aquele garotinho que ia para as ruas do Recife de cara pintada, com três anos de idade, fazer teatro popular na Praça Maciel Pinheiro: ironizar os políticos, criticar quem deveria ser criticado, exigir melhorias para o Brasil e comemorar o fim da ditadura.

Tudo ainda está vivo na minha memória e DNA. E ajudou a forjar o meu caráter. São dias como os de hoje, 13 de setembro, que sinto o privilégio de cultivar lembranças boas e saudáveis como esta. Lembranças de pai. De pai que fiz sofrer de tanto cansaço quando pedia para ser carregado, gordinho, na corcunda pelos morros do Recife durante passeatas do PT (apesar de hoje não serdes mais petista. Ufa!). Era muito pequeno. Mas te peço desculpas pelas minhas maldades.

Faço essa volta ao tempo por que acredito que a missão crucial de um pai é ajudar o seu filho a crescer da forma mais saudável possível e deixá-lo pronto e alerta  (apesar de ser impossível) para as agruras do mundo. O mundo: outro grande professor. Só que perverso. O pai que conseguir isso, hoje em dia, considere-se um herói. Bata no peito como o meu deve bater neste momento e agradeça às forças positivas do universo, pois venceu!

Falo por mim e por muitos filhos que se sentem orgulhosos, neste momento, do pai que tem. Do pai que conseguiu cuidar, educar e alimentar uma família com dignidade diante da multidão de informações e desinformações que nos cerca. E diante de tanta maldade e leviandade: dois filhos e uma netinha! Pelo teu exemplo de vida ela se chama Giovanna! São dias como os de hoje que valem a pena comemorar cantando, brindando e louvando o tempo, pois vencê-lo é impossível, mas desfrutá-lo com dignidade é uma dádiva.

E foi isso que conseguistes. Por isso, te parabenizo, Giovanni Sá, pelos seus 50 anos de heroísmo e amor. A você, meu pai, meu amigo, toda honra e toda glória para sempre! Parabéns!