edmar junior

(Colaborou Alana Costa- do Farol de Notícias)

O FAROL abre esta quarta-feira (9) com uma entrevista esclarecedora com o secretário municipal de Educação Edmar Júnior. Nesta conversa, ele revela quando vai convocar os candidatos classificados no último concurso público da prefeitura, mostra sua visão sobre a possibilidade de greve dos professores e comenta acerca do polêmico projeto enviado pelo governo Duque, à Câmara Municipal esta semana, criando 215 novas contratações, sem concurso, nos quadros da educação. Vale a pena conferir!

ENTREVISTA – SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO EDMAR JÚNIOR

FAROL – Professor Edmar Júnior, a greve dos professores que está anunciada para o dia 25 deste mês pode ser evitada? Ou o governo não quer lançar uma contraproposta? 

Sec. Edmar Júnior – Nós já entramos em contato com o Sindicato; qualquer proposta agora apresentada pelo governo pode ser que venha complicar o limite de folha, como já foi colocado. Nós estamos com um limite de folha, como já foi dito, é de 53,8%, o limite máximo é 54%. Passando disso, então pode acarretar em sanções para o município, tanto para a Educação como em outras secretarias.

A nossa intenção é esperar realmente fechar o quadrimestre; quando fechar os cálculos, ver qual o percentual que a gente pode passar para a categoria. Não é que o governo está se escondendo, se omitindo em anunciar qualquer percentual agora. Qualquer anúncio agora pode ser prematuro e pode ter consequências lá na frente que venham a nos prejudicar.

FAROL – Há setores do Sindicato dos Professores, por exemplo, que defendem um “enxugamento” na máquina da Secretaria de Educação. Há o pensamento de “enxugar” despesas na secretaria?

Sec. Edmar Júnior – Desde que eu assumi a secretaria venho fazendo isso. Desde de agosto nós viemos demitindo. Praticamente acabamos com a função de secretária escolar. Nas escolas do município haviam secretárias escolares, isto foi extinto. Algumas escolas estão só com o diretor, não tem diretor adjunto. O que pôde cortar já foi cortado. Quero salientar que, em dezembro, todas as portarias foram cortadas, justamente pelo enxugamento de despesas. Então todo coordenador, todo diretor e todo diretor adjunto, os cargos comissionados em geral estão sem portaria. Estão trabalhando só pelo salário de professor que eles tem, o Sindicato tem conhecimento disso.

Então, o que a gente pode cortar está sendo cortado. “Ajustão” do transporte escolar… Já reduzimos em torno de 30% o que era gasto com o transporte escolar, no caso do transporte do aluno. E na questão de merenda também. Conseguimos sanar os débitos, o que já dá uma folga melhor para a gente trabalhar agora, e a gente vai sempre ajustando. Os cortes já aconteceram. Você vê aqui que teve mês que o transporte escolar, que quando eu entrei aqui, dava um valor muito alto. Hoje, com certeza, se for fazer a planilha, dá mais de 30% de redução nesses gastos.

 “Não é que o governo está se escondendo, se omitindo em anunciar qualquer percentual agora. Qualquer anúncio agora pode ser prematuro e pode ter consequências lá na frente que venham a nos prejudicar.”

FAROL – Secretário, não há uma contradição? Na última segunda-feira (7) foi feita a leitura na Câmara de Vereadores, de um projeto de lei, enviado pelo governo, onde tenta legalizar cerca de 215 contratações temporárias na educação. O projeto que tramita na Câmara não contradiz esse discurso de enxugamento da máquina?

Sec. Edmar Júnior – Nós tínhamos a intenção de terceirizar o serviço de auxiliar de serviços gerais. Era uma intenção do Governo Luciano Duque terceirizar. Quando foi fazer a conta, ficava mais caro terceirizar do que a própria contratação desse pessoal. Então, se eu gasto mil reais com um funcionário, numa terceirização eu poderia chegar a gastar dois mil reais. É mais em conta a contratação (sem concurso) realmente. Foi esse projeto para contratar temporariamente e logo logo realizar um concurso.

A demanda de auxiliares gerais e motoristas existe. Todo mundo percebe aí que os carros estão rodando e aqueles motoristas não são efetivos, são demandas realmente necessárias. A gente não pode bancar a educação sem o motorista, sem os serviços gerais. A questão do assistente social… São cargos comissionados; agora, ao invés de estar com esses cargos comissionados, trago pessoas efetivas realmente. A gente troca o comissionado, que é uma indicação do governo, para um cargo efetivo que vai ficar na educação, que vai se preocupar com a educação. A gente acha isso muito mais viável. A grande maioria dessas funções é para auxiliar de creche, auxiliar de serviços gerais e motoristas.

O auxiliar de creches foi uma função criada para minimizar os gastos com a educação. Pra você ver, nós tínhamos 2 professores por sala, pagava-se dois profissionais para as salas com as criancinhas do pré. Então eu posso contratar um auxiliar de creche, com um salário sendo metade do salário do professor, praticamente, e isso realmente fica mais econômico.  Tínhamos, por exemplo, 150 contratos de professor de 1ª a 4ª série. A rede municipal aumentou em cerca de mil alunos. Hoje nós temos em torno de 120 contratos. Aumenta o número de alunos e diminui o número de contrato dos professores. A criação do auxiliar de creche vai dar resultado então. É um enxugamento que dá resultado na frente, com certeza.

FAROL – Uma pergunta que tem chegado sempre à redação do FAROL é sobre o concurso público. O prefeito Luciano Duque fez a homologação, mas não está sinalizando, pelo menos por enquanto, quando será a convocação desses selecionados. Há um prazo para a convocação?

“(…) se eu gasto mil reais com um funcionário, numa terceirização eu poderia chegar a gastar dois mil reais. É mais em conta a contratação (sem concurso) realmente. Foi esse projeto para contratar temporariamente e logo logo realizar um concurso.”

Sec. Edmar Júnior – Eu posso falar  pela Secretaria de Educação, que são os professores. A prova do professor foi um pouco mais extensa, foi estendida por conta da prova de títulos. A homologação ainda não saiu, mas creio que deva estar saindo esse mês. Nossos professores, eu tenho como garantir, que serão divulgados em junho, porque os contratos foram feitos até o mês de junho, então é a tradição normal.

Por que isso? Porque é muito complicado um professor trabalhar 2, 3 meses e depois um outro professor chegar e pegar o bonde andando. O que é que a gente pensou? No caso do professor, nas demais categorias eu não posso dizer o porquê, sobre as outras secretarias não tenho como falar sobre as convocações porque ainda não tenho conversado com os outros secretários sobre isso; mas na Educação pensamos o seguinte: fecha-se o ciclo, o contratado, em junho, fecha o semestre e o professor efetivo assume a partir de julho.

Então a tradição no recesso, fica muito mais cômodo. Não há prejuízo para a criança. Vai ser um trabalho com a menos, por exemplo, esse professor efetivo chega em abril e assume; não que vá ser melhor ou pior, mas é bom fechar esse ciclo. Assim se fecha diário, se fecha nota e tudo que seja necessário pelo aluno, assim o efetivo começa um novo trabalho no segundo semestre. Mas, em junho, com certeza, todos serão convocados.

FAROL – Ontem, durante uma entrevista ao FAROL, uma professora fez críticas à Secretaria de Educação, e criticou a questão dos notebooks que o senhor anunciou em meados do final do ano passado. Ela questinou a promessa de entrega feita pelo governo. Como é que está essa história dos notebooks prometidos no ano passado? 

Sec. Edmar Júnior – Veja só… Foi uma notícia tão boa, assim, eu fiquei tão satisfeito que acabei externando no final do ano passado. Mas, infelizmente agora não depende mais de Edmar Júnior, não depende de Luciano Duque. Estamos aí dependendo só da liberação dos recursos do Governo Federal. Fizemos a licitação, está lá na Prefeitura, quem quiser comprovar; está feito o pedido de licitação, já temos empresa ganha. Hoje estou recebendo aqui a assessora do Dep. Pedro Eugênio para tratarmos sobre isso.

Ela está vindo hoje junto com um outro assessor de Pedro Eugênio para tratarmos justamente da aceleração desse processo. Pode ter novidades hoje mesmo. Então o que ela me prometeu é que, a partir de abril, seriam liberadas as emendas. Não é recurso próprio, não é recurso do FUNDEB. Essa questão da compra do notebook é recurso de emenda de parlamentar. Então agora só depende de Brasília liberar esse valor. Mas, estamos brigando. Os professores podem ficar tranquilos que eles vão receber, que a promessa vai ser cumprida e que a gente tem que cobrar também de quem prometeu, no caso, o Deputado disse que a emenda era nossa e estamos aí, lutando por isso.

“A homologação ainda não saiu, mas creio que deva estar saindo esse mês. Nossos professores, eu tenho como garantir, que serão divulgados em junho, porque os contratos foram feitos até o mês de junho, então é a tradição normal.”

FAROL – O senhor é otimista com o futuro da educação em Serra Talhada?

Sec. Edmar Júnior – Nós estamos aqui há 8, 9 meses. Eu não tinha ainda participado da educação no município, sempre fiz parte da educação estadual e da Autarquia Municipal de Educação e, ultimamente, da rede federal de ensino. E eu vejo aqui na rede municipal de educação muita garra, muitas pessoas querendo ajudar, tentar e acertar. Todo mundo vestindo a camisa, apesar dessas dificuldades normais que acontecem em qualquer gestão, mas a perspectiva é sempre muito boa. Eu sou muito aberto ao diálogo, não impero minha vontade, gosto de dialogar com o professor, com a minha comunidade escolar.

Isso é um ponto positivo porque estamos abertos para escutar, para ouvir opiniões e estamos buscando também recursos. Já começamos também a investir nas reformas dos prédios do município que estavam realmente carentes. Fizemos uma grande reforma no Cônego Torres e em algumas escolas dos bairros mais necessitados e nos distritos também. Então estou muito confiante que durante o meu trabalho teremos coisas muito positivas em relação à educação em Serra Talhada. Não só o trabalho de Edmar Júnior, mas de todos que fazem a educação. Há muita gente boa fazendo educação em Serra Talhada.

“E eu vejo aqui na rede municipal de educação muita garra, muita pessoa querendo ajudar, tentar e acertar. (…) Eu sou muito aberto ao diálogo, não impero minha vontade, gosto de dialogar com o professor, com a minha comunidade escolar.”