Publicado às 14h58 deste sábado (8)

Por Giovanni Sá Filho, editor do Farol de Notícias

Dor, lágrimas e saudade. Foi isso o que restou à inconsolável família de João Magalhães. Apenas isso, após o sepultamento do empresário de 46 anos e seu filho, Vinícius, de 14, no final da manhã deste sábado (8), no cemitério municipal de Serra Talhada, no bairro Bom Jesus.

Em resposta à perda e à frieza com que autoridades políticas do Ceará tem lidado com o massacre de reféns, o coração da família das vítimas da ‘tragédia de Milagres’, foi aquecido não só pelo forte sol que marcou o sepultamento, mas pela consternação de 84 mil pessoas arrasadas com um fato.

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Toda a cidade de Serra Talhada silenciou para prestar, neste sábado, homenagens à família de João Magalhães e compartilhar com eles, cada um ao seu modo, o sentimento de solidariedade.

Seja com aplausos à elogiosa trajetória de vida de João, seja com lágrimas arranhando a pele ou abraços que pareciam gestos de socorro, a cidade presenciou, inconformada, à incomum paisagem: cinco caixões percorrendo a avenida Enock Ignácio de Oliveira, adornados por flores e faixas.

Lentamente, cruzaram a principal avenida de Serra Talhada arrastando consigo centenas de pessoas, carros e orações. No cemitério, não foi diferente. Sons de aplausos às vítimas misturados a sussurros de dor daqueles que as admiravam pareciam entoar como grandes sinos na mente, badalando: Até quando? Até quando? Até quando?

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Às 11h50, a terra abraçou os corpos de João e Vinícius. E ali mesmo, um rio de lágrimas banhou-os a cada mão de areia jogada por silenciosos coveiros. E fez brotar saudade…

Apesar de tudo, um sentimento persistia durante a triste cerimônia: de que a terra, essa de onde ninguém escapa, não leva consigo boas memórias, recordações singelas e ensinamentos cultivados ao longo da vida de quem se foi, ainda assim, tão cedo.

Tudo isso ficou… Tudo está bem vivo…

E foi compartilhado entre os olhares e lamentos das pessoas durante a cerimônia deste sábado. A cidade e sua gente, como um navio à deriva, perdeu-se unida, em um mar de indignação.

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Aos poucos, levados por ondas de incertezas, vamos retornando ao cais de uma aparente normalidade, mas dessa vez, sentindo que deixamos algo de muito bom para trás…