Publicado às 07h44 desta quinta-feira (6)

O poeta João Luckwu nos enviou este belo poema em alusão ao aniversário da nossa cidade. Vale à pena contemplar!

SERRA TALHADA: De Agostinho aos dias atuais

Quando outrora Agostinho aqui chegou
Encantado ficou com a paisagem
Pajeú deu suporte na estiagem
A raiz do progresso edificou
Pouco a pouco o comércio prosperou
Despertando essa estreita vocação
Comandando a ribeira e região
Povoado cresceu, abriu cancela
E surgiu para o mundo Vila Bela
Um oásis no meio do sertão

II

Alpercata fazendo estardalhaço
Num embalo envolvente e singular
Inovando no jeito de dançar
Cangaceiro e fuzil no mesmo enlaço
Pelas lutas marcantes do cangaço
Lampião como rei foi coroado
E na dança aqui deixa seu legado
Um bailado aguerrido e imponente
Nossa terra ostentando uma patente
Capital brasileira do xaxado

III

Na política ergueu grande influência
Governando o estado Agamenon
Em Brasília Inocêncio “dando o tom”
Interino assumiu a presidência
No passado houve forte interferência
Do poder demarcando a trajetória
Eleitor sem nenhuma escapatória
Tão somente cumpria seu papel
O “chicote”, o “cabresto” e o “coronel”
Referências marcantes dessa história

IV

E na arte eclodiu rompeu fronteiras
Na TV Arnaud ganha projeção
Marcolino, Rui Grúdi e Assisão
E o forró foi soltando as estribeiras
Na leveza de moças bem faceiras
Passarelas pro mundo descortina
Despertando este sonho de menina
O “glamour” se instalou pela cidade
Um legado ficou pra eternidade
Campeã da beleza feminina

V

Nos tapetes gramados do sertão
Majestoso reinou “Comercial”
Torcedor do “Serrano” em alto astral
“Ru! Ru! Ru!” a causar grande emoção
O “Ferrim” foi primeiro campeão
Veio o “Serra” alcançando nova glória
Na derrota, no empate ou na vitória
Futebol é paixão que contagia
“Pereirão” aos domingos que alegria
São lembranças guardadas na memória

VI

A ciência se impõe com autonomia
Faculdades e cursos mais diversos
O ensino sem cunhos controversos
Trouxe a luz que encandece e irradia
Medicina, Direito, Engenharia
São pilares da nossa educação
Construindo um futuro em ascensão
Insciência faz parte do passado
O saber aqui foi consolidado
Transformando indivíduo em cidadão

VII

Lá do alto na Praça da Matriz
Virgem Penha conduz a procissão
Em setembro cumprindo a devoção
Nossa fé pela Santa se bendiz
Criançada a brincar, sorri feliz
Carrossel, “pula pula” é uma zoeira
A cerveja com bode e macaxeira
Tradição que é mantida entre os fiéis
Filarmônica em altos decibéis
Rege a festa da madre padroeira

VIII

Nossa gente é demais hospitaleira
Uma terra por Deus abençoada
Quem visita tão logo faz morada
Externando a paixão mais verdadeira
Degustar manguzá no “mei” da feira
“Tô na Concha” animando o carnaval
Josué deu seu nome ao “Bar Central”
Fez do caldo uma marca registrada
Vem pra cá conhecer Serra Talhada
Recebendo esse abraço fraternal

IX

E do cume da pedra do cruzeiro
Se contempla a grandeza da cidade
Que se espalha em total prosperidade
Se tornando um caminho alvissareiro
Agradece o torrão pajeuzeiro
Pela luz que emana deste chão
Qual arpejo entoando uma canção
Nossa terra traduz porto seguro
O sertão abre as portas pro futuro
E o futuro abre as portas pro sertão

X

Erigida tu foste ao pé da serra
De entalhes com nobre arquitetura
Esculpidos por obra da natura
Inspirando o batismo desta terra
A bravura que ao tempo se descerra
Te elevou a tornar-se emancipada
Uma história no tempo demarcada
Averbada em registro por chancela
No princípio tu foste Vila Bela
No presente tu és Serra Talhada

João Luckwu  – Serra Talhada-PE