Fotos Celso Garcia/Farol de Notícias; com fotos cedidas pela família ao Farol
Publicado às 15h deste sábado (10)
Seu Francisco Carlos do Santos, 59 anos, morava em um sítio a 8 km do Centro de Serra Talhada, sentido o distrito de Santa Rita.
Ele levantava ainda na madrugada todos os dias, para às 4h da manhã começar a sua rotina no Mercado Público de Serra Talhada.
Carlão, como era conhecido por todos, vendia queijos e outros derivados do leite, como uma saborosa manteiga de garrafa.
Durante os mais de 30 anos que trabalhou ali, acumulou não apenas clientes, mas amigos pelo bom serviço que prestou e pelo grande homem e pai que foi.
Carlão do Queijo foi vítima de um infarto fulminante na última quarta-feira (7).
Na manhã desta sexta-feira (9), o Farol de Notícias foi até o Mercado Público e ouviu dois dos três filhos de seu Carlão.
A cena era comovente, uma situação em que as lágrimas eram difíceis de serem evitadas.
Os olhos dos filhos mostravam a dor e a saudade tentando encontrar forças ao ouvirem os clientes perguntarem por seu Carlão.
Ao passo que, com a voz trêmula, eles tinham de dar a notícia a quem desabava a chorar ali mesmo.
O Farol presenciou um abraço emocionante entre um dos filhos de seu Carlão e uma de suas clientes mais antigas e fiéis.
Seu Francisco Carlos deixou três filhos que amou, apoiou e ensinou a importância dos estudos e da responsabilidade da vida.
Victon Malcolm, 36 anos, formou-se em Sistema de Informação pela UFRPE/UAST; Thalys Maycon, 33 anos, é graduado em Química também pela UFRPE/UAST; e a jovem Maria Vitória de 21 anos, está se formando em Direito pela Uninassau.
O momento mais difícil
Thalys contou ao Farol que seu Carlão havia feito aniversário no dia 20 (veja o vídeo abaixo), e lamentavelmente faleceu na quarta-feira (07) enquanto trabalhava no Mercado Público de Serra Talhada.
Ele contou que seu Carlão estava sentado e de repente caiu da cadeira, batendo com a face no chão.
O filho correu para socorrê-lo, fez uma massagem cardíaca, chamou um táxi, mas a caminho do Hospam o pulso do senhor Francisco Carlos parou.
Ao chegar no Hospital recebeu toda a assistência, mas já era tarde. Thalys recebeu a notícia que o pai havia dado adeus, assim, repentinamente.
Filhos relembram ensinamentos do pai
“Meu pai criou todos nós trabalhando aqui. Desde pequeno que eu vinha ajudar ele, meu irmão também vinha. Ele sempre trabalhou muito para ter as coisas dele, de sol a sol, de domingo a domingo. Ele estava com milhões de planos, projetos que ele tinha. Ele sempre foi bom com as pessoas. Ele se doava aos amigos”, relatou Victon Malcolm, o primogênito de seu Carlão, acrescentando:
“Ontem fizeram uma homenagem. Todo mundo aqui do Mercado conhecia ele e gostava dele. Agradeço a todos do Mercado que fizeram uma homenagem a ele. Baixaram as portas, foram para fora aplaudir meu pai passando. Ele gostava das coisas certinhas, organizadas, do jeito dele. Eu fico triste porque ele não fez tudo o que ele queria, e eu também queria ter feito muita coisa que eu pensei para ele. Ele preferia deixar de passear para trabalhar”.
“Quem socorreu ele foi eu. Ele morreu nos meus braços. Ele era um bom pai, nunca faltou nada para a gente, mesmo separado da minha mãe, ele sempre estava presente. A gente também estava presente. Ele nem queria que a gente pisasse aqui, queria que estudasse. Meu irmão estava trabalhando em João Pessoa e eu nem consegui informar a ele. Quem falou foi a minha mãe. A gente não leva nada na vida, mas a gente deixa muita coisa que é o aprendizado que sempre vai estar vivo na gente”, narrou Thalys Maycon, o outro filho de seu Carlão.
Clientes e fornecedor contam sobre o grande homem que foi seu Carlão
“Toda semana eu comprava queijo a ele. Eu soube que ele havia falecido por meio de uma pessoa que me falou, e eu vim confirmar. Me disseram e eu não acreditei. Ele era uma pessoa prestativa, uma pessoa boa. Ele era um ser humano conhecido, de boa família. Desejo os pêsames à família e que ele descanse em paz. Quem não fica triste com a perda de alguém que a gente conhece? Não é porque ele morreu, ele era uma ótima pessoa mesmo, um ser humano maravilhoso!”, contou Janete Alves, 61 anos, cliente antiga de seu Carlão.
“O menino me falou, eu não sabia não, soube quando vim comprar. Eu tenho quatro irmãs e nós sempre compramos aqui. Eu sei como a dor é forte. Na verdade, essa dor é uma ferida que não sara”, disse Brasilina Maria, 60 anos, que comprava queijo a seu Carlão há mais de 10 anos.
“Para mim ele era uma ótima pessoa. Muito boa pessoa. O sentimento é triste, mas é a vida de todos. Eu tinha acabado de sair daqui quando ele faleceu. Para mim, como cliente, ele era uma ótima pessoa”, disse Carlos Alberto, que fornecia queijo para seu Carlão há sete anos.
Veja o vídeo do aniversário de seu Carlão no dia 29 de maio e imagens dele com a família e amigos
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