Por Adelmo Santos, Poeta e escritor, ex-presidente da Academia Serra-talhadense de Letras

Era a década de 60, e na Rua da Favela, na bodega de Zé Grande, os meninos faziam a festa. O catecismo dava roupa e leite em pó, no oitão da casa de Dona Ernesta. Na época do catecismo não era só orações, os meninos iam chegando com as catequistas entregando camisetas e calções. Era uma alegria só, com os meninos recebendo as roupas todas iguais, dava até para montar um time de futebol.

Num Jeep, Padre Jesus tinha acabado de chegar, o padre estava azoado, querendo tudo direito, dando broncas nas mulheres com vestidos decotados que estavam mostrando os seios. Era a Rua da Favela com meninos e garotos, na calçada da bodega. Muita cocada e brebotos, o meu lanche preferido, garrafinha com pão doce, estava entre os mais pedidos.

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Também tinha as gulodices que Seu Zé Grande fazia, só para ver os meninos aos gritos de alegrias, disputando os confeitos que eram jogados pra cima, enquanto eles caíam.

Na bodega de Enoque próximo ao Grupo Escolar Solidônio Leite, era o ponto principal pra vender doces e confeitos. A bodega era famosa, era cheia de garotos que marcavam até encontros no recreio da escola, para comprar quebra-queixo e garrafinha com pão doce.

Um dos meus irmãos mais velhos ao me ver pela bodega, me mandava para casa. Ele ficava azoado, gritando: “Avía menino, pega um doce e puxa o carro!” Eu saía caminhando mastigando um breboto. Eu ficava feliz da vida ao ir para o catecismo, garrafinha com pão doce pros meninos era um sonho, pra mim foi o melhor lanche, nos meus tempos de garoto.