Publicado às 07h20 deste domingo (1)

Por Diego Carvalho, advogado e poeta serra-talhadense 

Hoje pela manhã, ao passear com o cachorro pela rua, encontro um amigo, e ao falarmos sobre os acontecimentos recentes, ele me disse algo que me deixou pensativo: ´”Luiz Gonzaga o Rei do baião não cantava somente baião, mas outros ritmos, como forró e etc”.

Depois de refletir um pouco sobre o assunto, percebi que Serra Talhada tem concentrado suas manifestações culturais somente no cangaço, exaltando a figura de Lampião, não que isso seja ruim, pelo contrário, xaxado, faz parte da nossa história, mas não representa unanimemente.

Existem outros atores que também passaram por essa terra, que andam esquecidos, pois o pensamento de uma monocultura impede suas manifestações, dessa forma se não mudarmos a forma de pensar, continuaremos no mesmo ambiente de sempre.

Triunfo, no Sertão, cada vez mais nos dá um grande exemplo de heterogeneidade cultural, ao trazer um festival de JAZZ para o Sertão, exaltando uma figura da nossa região, mas pouco conhecido por nós (não pelo mundo), como o maestro MOACIR SANTOS. Este foi um dos principais personagens na cultura do Brasil, um verdadeiro músico amante dos tons sutis que marcam à alma de quem houve. Deixou um grande legado.

Poderia citar também Arnaud Rodrigues, esse dispensa comentários, não era apenas comediante, mas compositor, sendo pioneiro em alguns ritmos, além de ser apaixonado por Serra Talhada. Isso pode ser comprovado pelo sentimento extraído da música Vila Bela ou pelo hino do Comercial Esporte Clube, até hoje não vi declaração de amor mais bonita.

Não podemos esquecer das grandes orquestras e dos bailes Municipais. Pelo visto, concordo com Rui Grudi, quando ele afirma na sua música Casa da Cultura:

Eu vou fazer a minha casa no espaço com um pedaço que ainda resta da cultura porque a cultura por aqui ta um bagaço (Bis) Virou pinico a oiça da criatura. Ai que saudade das canções da minha terra Ai que saudade da tertúlia e de sarau (Refrão) Ai que saudade de um forró de pé-de-serra (Bis) Ai que saudade de um baile municipal. 

Dessa forma, em âmbito municipal para 2023 será necessário “pensar fora da caixa” e expandir as manifestações culturais. Acredito que tenha espaço para todos. Infelizmente, temos grandes artistas que residem em Serra Talhada e não são tratados com o devido respeito, por não se adequar a certos padrões, sendo esquecidos, todavia não deixaram de compor belas canções e poesias.

É dever do Poder Público, proteger todas as manifestações culturais, devendo apoiar, incentivar e valorizar, conforme o art. 215/CF. Sendo assim, a monocultura, deve ser substituída pela heterogeneidade cultural, dando espaço para que todos possam manifestar-se, afinal não podemos ser seletos, se temos várias pérolas preciosas. Por fim, como diziam os mais antigos: ´´O Sol nasce para todos“.