Bolsonaro em ato de campanha com chapéu típico nordestino

Publicado às 05h07 deste sábado (5)

Fotos: Farol de Notícias / Celso Augusto

Os jornais de todo o país abriram as manchetes dessa sexta-feira (4) com mais uma declaração polêmica do Presidente Jair Bolsonaro. Dessa vez, o governante usou o termo ‘pau de arara’ para descrever os nordestinos presentes numa live realizada na noite desta quinta (3). Além do termo, Bolsonaro também não soube descrever a cidade de origem do Padre Cícero, figura histórica e religiosa do Juazeiro do Norte-CE.

“Falaram que eu revoguei o luto de Padre Cícero. Lá do Pernambuco, é isso mesmo? Que cidade que fica lá? (silêncio) Cheio de pau de arara aqui e não sabem em que cidade fica Padre Cícero, pô? (silêncio). Juazeiro do Norte. Parabéns aí. Ceará, desculpa aí, Ceará”, comentou o presidente durante a transmissão. Diante da declaração apontada como xenofóbica na internet, o Farol de Notícias foi às ruas da cidade para ouvir a opinião da população da capital do xaxado.

FALA POVO – NORDESTINOS ‘PAU DE ARARA’

O jovem estudante Leandro Gabriel Moreira, 25 anos, morador do bairro Bom Jesus apontou que a fala de Bolsonaro foi depreciativa, inclusive, contra os seus próprios eleitores da região.

“Eu acho que essa questão de chamar a gente de pau de arara, há muito tempo o Bolsonaro tem um grande desrespeito a nós do Nordeste, não somos uma minoria. A gente pode ver que há uma certa falta de respeito. Eu acho que é uma fala extremamente depreciativa, ele não presa nem pelos seus eleitores. Então, se a gente for parar para pensar tem muitos nordestinos que votaram em Bolsonaro. E você ser eleito por um povo e desrespeitar esse povo, ele pegou toda a nossa questão histórica da gente. Realmente a gente usa o pau de arara, mas não era para ser uma coisa pejorativa, é uma característica desse povo”, comentou Leandro.

A professora serra-talhadense Maria Aguiar, está há 29 anos em sala de aula, mora no bairro Nossa Senhora da Penha e também lamentou a declaração do presidente.

“Eu acho que falar de Bolsonaro é falar de ignorância. O acho uma pessoa totalmente ignorante, uma pessoa sem respeito às pessoas, a questão humana não existe para ele. Ele vai ser reconhecido para o resto da vida, do jeito que Hitler foi, ele vai ficar na história do pior presidente da República que o país já teve. Desculpa a expressão, é um número 2 atrás do outro. Então, eu acho que a gente fica até sem ter o que dizer, um presidente eleito com milhões e milhões de votos sair com uma babaquice dessas. Porque, quem construiu São Paulo? Os nordestinos! E ainda continua construindo. Eu acho que aquela música, ‘já pensou o Brasil ser dividido e o Brasil ficar independente?’, Então, eu acho que a gente viveria muito bem, não estou desmerecendo as outras regiões, mas eu acho que a gente viveria muito bem sem as outras regiões. O nordestino tem que cada vez mais se valorizar, ele é um presidente que tem todos os defeitos do mundo. Ele desrespeita a mulher, desrespeita os homossexuais, ele desrespeita as pessoas de outras regiões e eu não sei como um homem daquele foi eleito”, desabafou.

O aposentado Francisco Cordeiro de Magalhães, o popular Fantástico, 57 anos, morador do bairro São Cristóvão, defendeu as decisões políticas do presidente, mas discordou da declaração. 

“A minha opinião, particularmente, eu tenho certeza que o que ele falou está dentro dos parâmetros tanto político quanto mundial. Onde ele tem uma nação tem que entender o que um presidente tem que fazer, sabendo que um presidente não faz o que ele quer. Ele faz o que o Congresso aprova, então, é uma prova do que o que ele está praticando está correto. Mas é incorretíssimo ele chamar um nordestino de ‘pau de arara’. Super incorreto, ele tem que respeitar a nação brasileira, porque ele tem que respeitar a nação brasileira e o nordestino faz parte da nação brasileira. Então, já que somos nordestinos temos que defender a nossa parte. Ele tomou uma posição inadequada diante dessa situação que ele se colocou”, disse Fantástico.

A mãe, empreendedora, declaradamente nordestina e sertaneja Melissa Andrade, 29 anos, fez uma convocatória especial para o presidente Jair Bolsonaro para conhecer a realidade do Nordeste.

“Sobre ser nordestina e ser discriminada já é bem complicado, e principalmente pelo presidente, que deveria ter e manter a ordem na nação. Vamos lá presidente, vamos começar a dar a cara a bater, mas com respeita à população brasileira. E principalmente, do nosso Sertão que já é tão judiado e prejudicado. Vamos olhar para a gente com mais carinho, com mais respeito. Venha sentir um pouco do que a gente está passando por aqui e, principalmente para a gente que é autônomo, não tem credibilidade em nada. Comece a falar, mas com mais prudência. Eu estou precisando da ajuda do país, assim como muitas mulheres, empreendedoras e mães de família que não recebem salário digno de nada. Aí sim a gente está precisando mesmo de uma carroça de burro para levar vocês nas costas”, aconselhou a empresária serra-talhadense.