Publicado às 15h deste sábado (23)

Após a morte de Roberto Capotaria [veja aqui] e mais duas pessoas por covid-19 em Serra Talhada, serra-talhadenses têm entrado em contato com a redação do Farol, reclamando da ausência de contato e tempo de despedida da família e amigos dos entes perdidos.

Na visão dos reclamantes, isso parece uma falta de respeito e algo que lhes soa como “inadmissível”. Diante as ligações recebidas, o Farol procurou o protocolo do Ministério da Saúde sobre o manejo de corpos de pessoas infectadas, para ajudar os nossos leitores a entender um pouco – mesmo diante de tanta dor – como devem proceder os profissionais envolvidos no sepultamento de pessoas com suspeita de covid-19.

A intenção é ajudar a população a não vacilar nas medidas de prevenção. O último protocolo foi publicado no dia 25 de março. Acompanhe:

PROTOCOLO COVID-19 PARA ÓBITOS

MINISTÉRIO DA SAÚDE

1 – A transmissão de doenças infecciosas pode ocorrer por meio do manejo de corpos,
sobretudo em equipamentos de saúde. Isso é agravado por uma situação de ausência ou uso
inadequado dos equipamentos de proteção individual (EPI). Nesse contexto, os profissionais
envolvidos com os cuidados com o corpo ficam expostos ao risco de infecção;

 Os velórios e funerais de pacientes confirmados/suspeitos da COVID-19 NÃO são recomendados
devido à aglomeração de pessoas em ambientes fechados. Nesse caso, o risco de transmissão
também está associado ao contato entre familiares e amigos. Essa recomendação deverá ser
observada durante os períodos com indicação de isolamento social e quarentena;

 A autópsia NÃO deve ser realizada e é desnecessária em caso de confirmação ante-mortem
da COVID-19;

 Devido ao risco aumentado de complicações de piores prognósticos da COVID-19, recomenda-se que profissionais com idade igual ou acima de 60 anos, gestantes, lactantes,
portadores de doenças crônicas, cardiopulmonares, oncológicas ou imunodeprimidos não
sejam expostos às atividades relacionadas ao manejo de corpos de casos confirmados/
suspeitos pela COVID-19;

2 – Considerando a possibilidade de monitoramento, recomenda-se que sejam registrados nomes,
datas e atividades de todos os trabalhadores que participaram dos cuidados post-mortem,
incluindo a limpeza do quarto/enfermaria;

 É necessário fornecer explicações adequadas aos familiares/responsáveis sobre os cuidados
com o corpo do ente falecido.

IMPORTANTE

Recomenda-se que a comunicação do óbito seja realizada aos familiares, amigos e
responsáveis, preferencialmente, por equipes da atenção psicossocial e/ou assistência
social. Isso inclui o auxílio para a comunicação sobre os procedimentos referentes à
despedida do ente.

INSTRUÇÕES SOBRE SEPULTAMENTO AOS FAMILIARES E AMIGOS

 Os velórios e funerais de pacientes confirmados ou suspeitos da COVID-19 NÃO são recomendados durante os períodos de isolamento social e quarentena.

 Caso seja realizado, recomenda-se:

  • Manter a urna funerária fechada durante todo o velório e funeral, evitando qualquer contato
    (toque/beijo) com o corpo do falecido em qualquer momento post-mortem;
  • Disponibilizar água, sabão, papel toalha e álcool em gel a 70% para higienização das mãos
    durante todo o velório;
  • Disponibilizar a urna em local aberto ou ventilado;
  • Evitar, especialmente, a presença de pessoas que pertençam ao grupo de risco para agravamento da COVID-19: idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes, portadores
    de doenças crônicas e imunodeprimidos;
  • Não permitir a presença de pessoas com sintomas respiratórios, observando a legislação
    referente a quarentena e internação compulsória no âmbito da Emergência em Saúde
    Pública de Importância Nacional (ESPIN) pela COVID-19;
  • Caso seja imprescindível, elas devem usar máscara cirúrgica comum, permanecer o
    mínimo possível no local e evitar o contato físico com os demais;
  • Não permitir a disponibilização de alimentos. Para bebidas, devem-se observar as medidas
    de não compartilhamento de copos;

 A cerimônia de sepultamento não deve contar com aglomerado de pessoas, respeitando
a distância mínima de, pelo menos, dois metros entre elas, bem como outras medidas de
isolamento social e de etiqueta respiratória;

  • Recomenda-se que o enterro ocorra com no máximo 10 pessoas, não pelo risco biológico do
    corpo, mas sim pela contraindicação de aglomerações.

 Os falecidos devido à COVID-19 podem ser enterrados ou cremados.