O secretário de Saúde do município de Triunfo, Saulo Xavier, em contato com a rádio Cultura FM, deu sua versão sobre as denúncias publicadas no FAROL, sobre a situação de abandono de um centro cirúrgico na Unidade Mista de Saúde Felinto Wanderley, de responsabilidade do município. A denúncia chegou ao FAROL por meio do vereador Djaci Marques (PSD) – leia aqui – e com fotos chocantes que revelam o descaso com a coisa pública. Abaixo, leia versão do secretário sobre a questão.

SECRETÁRIO DE SAÚDE DE TRIUNFO – SAULO XAVIER 

“Temos um problema sério aqui de infraestrutura, porque devemos atender a toda a população. Esse hospital tem mais de 40 anos, era um hospital de gestão estadual e na década de 80 passou a ser de responsabilidade da gestão municipal. Então, qual é o problema que vivenciamos hoje? A gente faz parte das discussões políticas do momento, sobre saúde pública, e o nosso grande desafio hoje é de luta para conseguir financiamento junto ao governo estadual, para melhorar a manutenção desse hospital. Para conseguirmos manter o funcionamento de todo o quadro, de serviços prestados, contratados, concursados e médicos plantonistas, a gente tem gasto mensal de mais de R$ 100 mil.

Em contrapartida, o que nós recebemos de recursos extras, sejam estaduais ou federais, para manter a unidade funcionando, é de apenas R$ 29 mil reais. Qualquer cidadão pode acessar o Fundo Nacional de Saúde (FNS), onde tem todos os repasses, que são chamados de casos de média e alta complexidade. Em relação ao que foi postado (no FAROL) a gente entende o funcionamento do parlamentar, todos eles têm o papel de fiscalizar mesmo. Porém, a gente tem mostrar a nossa realidade. Em 1º de abril, por exemplo, eu estive na Câmara de Vereadores e ele (Djaci Marques) estava presente, e fiz justamente a prestação de contas de todos os gastos que tivemos nos quatro primeiros meses no hospital.

Nesta prestação de contas eu mostrei toda nossa realidade e nossa preocupação quanto a esse financiamento, de como iríamos conseguir reverter a situação, que deveríamos pensar em novos projetos que viessem a melhorar nossa estrutura. Então o que foi publicado são realmente três situações que acontecem. Primeiro o bloco cirúrgico. Quando nós assumimos a gestão, esse bloco cirúrgico estava inativo desde 2008. Aí podem perguntar “por que não foi reativado?”.

Desde a primeira gestão de Dr. Luciano Bonfim, a gente vem correndo atrás de recursos e mostrando toda prestação de contas, e mal está dando para manter. Se fizermos um investimento no bloco cirúrgico com receita própria, precisamos, no mínimo, de mais de 50 mil reais para ter uma estrutura funcional.

Não basta o governador ser aliado e dizer ‘eu vou repassar recursos’, tem que seguir as políticas do Sistema Único de Saúde (SUS). Por exemplo, a ajuda que temos perante o estado para gerir o hospital se chama ‘Política Nacional do Hospital de Pequeno Porte’, uma ajuda que a gente correu atrás por mais de anos até conseguir. Então o primeiro passo que conseguimos foi essa ajuda; que se faz no valor de R$ 2 mil e R$ 500 por mês; e se você me perguntar hoje, nós pagamos aos médicos aproximadamente mil e R$ 300 por plantão.

Então você vê o quanto é pesado. Esse ano, estamos mantendo o funcionamento e o que estamos dizendo a população é que tiraram fotos dos setores inativos. O que é inativo tem uma tendência, realmente, de você esquecer um pouquinho, acumular algum produto ali.

Como aquele bloco cirúrgico está inativo, aquelas coisas estão sendo colocadas ali; inclusive eu conversei com o diretor do hospital, porque é sobre de responsabilidade dele que fica, ele me disse que como estava organizando a sala de partos, as enfermarias e as outras estruturas, alguns equipamentos foram colocados lá. Então, seria muito preocupante se eu tivesse um bloco cirúrgico em funcionamento e aquelas coisas estivessem lá.”