Da Folha de PE

Uma pesquisa que pretende traçar um perfil sobre como os tubarões utilizam as águas pernambucanas está em andamento na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O estudo, quando concluído, elucidará se, de fato, esses animais costumam estar mais próximos ou longe da costa e se o comportamento é migratório ou permanente – e em quais pontos eles permanecem por mais tempo nos mares.

Esse levantamento está sendo feito a partir da análise microquímica das vértebras das espécies tigre, cabeça-chata e galha-preta, comuns no litoral do Estado e apontadas como sendo as mais agressivas. O estudo, que teve início em 2015 e será concluído em dezembro deste ano, tem potencial para nortear as autoridades sobre quais medidas adotar para minimizar os incidentes.

“A partir da quantidade de determinado químico presente nas vértebras, seja o estrôncio, bário ou cálcio, por exemplo, pode-se ter uma ideia da fidelidade do animal ao ambiente marinho. Se a costa tiver grande concentração de cálcio e a vértebra daquela espécie também estiver rica em cálcio, isso revela que ele cresceu e se desenvolveu naquele determinado ambiente marinho.

Porque quando um animal marinho cresce num lugar, ele absorve todos os microelementos químicos presentes”, explica o engenheiro de pesca e pesquisador da UFRPE Jonas Rodrigues, à frente do estudo. O recolhimento dos microelementos vem sendo feito por meio de pescaria comercial. A pesquisa será submetida à publicação em revista científica.

Nessa quarta, em entrevista à Rádio Folha, o pesquisador defendeu a volta de projetos de monitoramento – relembrando as atividades feitas pela UFRPE com o barco Sinuelo -, mas ponderou que a arma mais eficaz contra o tubarão é a educação. “É preciso que as pessoas evitem se expor a situações de risco. Observem as sinalizações. A vida é mais importante“, reforçou o pesquisador.

A fim de evitar novos incidentes – uma vez que a época chuvosa e de lua cheia e nova favorecem as ocorrências – os guarda-vidas do Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar) passarão a trabalhar uma hora a mais em quatro pontos da orla da Região Metropolitana, esticando o expediente até as 18h. O efetivo estará distribuído em frente à Igrejinha de Piedade, em Jaboatão, e nos trechos em frente ao Edifício Acaiaca, ao 2º Jardim e ao Castelinho, situados em Boa Viagem, na Zona Sul da Capital.

Recorte

Nos pontos escolhidos pela Secretaria de Defesa Social (SDS), órgão ao qual o Cemit é vinculado, ocorreram 27 dos 65 casos registrados no Estado desde 1992. A decisão de reforçar a vigilância ocorreu após a morte do capoeirista José Ernesto Ferreira da Silva, de 18 anos, na última segunda-feira.

Ele foi mordido em frente à igrejinha de Piedade, uma das zonas de risco. Só lá, foram registrados 12 incidentes. No Acaiaca são sete registros e no 2º Jardim e no Castelinho, quatro em cada local.