A classe política de Serra Talhada não teve a competência necessária para tirar o projeto da Usina de Biodiesel do papel, mesmo com cerca de R$ 1 milhão alocados no Orçamento Geral da União (OGU).  Atualmente, o projeto está abandonado e os equipamentos adquiridos, sucateados. Mas o cenário não está pior porque o catador de lixo reciclado Onélio Alves dos Santos, 48 anos, mais conhecido por “sapinho”, ocupou o galpão e o transformou em escritório gerador de renda e emprego.

Leia mais: BIODIESEL: Investimento de R$ 1 milhão em usina vira depósito de lixo em ST

“Ocupei uma área que é minha, pois se é do governo é meu. Vi que aqui não tinha nada então decidi entrar. O que é do governo é do povo. Portanto, é meu também”, disse Onélio, dando uma lição socialista para um meio de produção que virou cartão postal da falta de gestão.

Ele ocupa o local desde o dia 26 de outubro de 2010 e fez questão de anotar a data da ocupação em umas das vigas do galpão. Tranquilo, “Sapinho” tem uma renda mensal de  cerca de R$ 3 mil/mês, gera três empregos diretos e disse estar pessimista com a política.

“Já tive muitas decepções com políticos. Num dos piores momentos da minha vida ninguém me ajudou em nada. Foi então que parti para reciclagem do lixo. É o futuro. As pessoas precisam está conscientes para cuidar do planeta”, declarou.

Segundo ele, o trabalho lhe permitiu a contratação de três pessoas que recebem um salário mínimo cada um. Mas ele está preocupado quanto ao futuro. “Eu quero legalizar o meu negócio. Não quero trabalhar clandestino. Quero pagar impostos e assinar a carteira dos meus funcionários”, garantiu Onélio Alves.

Ele criticou a falta de interesse da Prefeitura de Serra Talhada em querer legalizar e apoiar o seu trabalho. “Já procurei Euclides Ferraz umas dez vezes porque quero tirar um alvará de Licença. Mas o secretário só faz fugir. Ele foge quando me vê. Sei que estou errado porque ocupei a usina que não funciona, mas tenho os meus direitos”, acrescentou.

No seu ponto de vista, Onélio Alves diz que está contribuindo para limpar a cidade e que a Prefeitura deveria lhe tratar com mais respeito, o que não tem conseguido do governo Luciano Duque até agora.

“Sou um cidadão de bem e quero fazer a coisa certa e organizada. Não estou vendendo drogas ou coisa errada. Estou ajudando a limpar Serra Talhada. Eu sustento a minha família disso aqui. Portanto, quero ser ouvido”, finalizou o catador de lixo.