Publicado às 05h30 desta terça-feira (1)

Por João Nunes de Souza, servidor público e aprendiz de poeta

Esses tempos difíceis em que passamos acabam sendo úteis para disponibilizarmos mais tempo com leitura, família e, principalmente, muita reflexão. Reflexão sobre o que somos, o que estamos fazendo e o que fizemos. Enfim, refletir sempre é um ótimo exercício. Essa opinião de início é apenas para alertar os leitores que dela discordam, que reflitam sobre o discorrido. Mas, fiquem à vontade para críticas respeitosas e apontar mentiras nos fatos relatados.

Escuto quase diariamente termos sobre o PT que me machucam bastante como seu filiado, eleitor e defensor de suas gestões. Claro, que ocorreram erros e estes sempre devem ser corrigidos com o rigor e a justiça necessária, mas desmoralizar um partido político com termos como: orcrim, quadrilha, etc. Isso me leva a crer em ação orquestrada por aqueles que odeiam ver o filho da empregada numa banca de faculdade.

Pois bem, vou falar de corrupção. Claro que uma página seria insuficiente para uma dissertação completa sobre esse complexo tema. Pretendo me prender a duas nuances sobre as quais venho refletindo e estudando nos últimos dias.

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A primeira é quanto a valores absolutos dos desvios, visto que não só os anti-petistas, mas muitos veículos de comunicação se referem ao “Petrolão” como o maior escândalo de corrupção do mundo e que o PT quebrou a estatal. Realmente, os valores são absurdos e isso deve ser  um fato inaceitável. Fala-se em cerca de R$ 3,37 bilhões de reais (Fonte)

Imaginemos quantos notebooks seriam comprados para nossos alunos de escolas públicas ou quantos leitos de hospitais seriam construídos com essa cifra, realmente inaceitável. No entanto, busquei as informações sobre um escândalo anterior que foi bem menos badalado, mas é parte de um documentário do jornalista Amauri Ribeiro Jr. chamado “A Privataria Tucana”, ocorrido nos governos FHC, onde se denuncia (com provas documentais), que o desvio girou em torno dos R$ 100 bilhões de reais em moeda da época. (Fonte). Reflitamos um pouco sobre a dimensão dos escândalos.

A segunda nuance é quanto à forma de escolha do nosso Procurador Geral da República – PGR, após a promulgação da nossa Carta Magna. Para tanto recorro à matéria do jornal O GLOBO datada de 17/09/2017 (Fonte)

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Aristides Junqueira lvarenga (1989 a 1995)

Procurador de carreira,  Junqueira foi nomeado pelo presidente José Sarney por indicação do então Ministro da Justiça Oscar Correia. O peemedebista não conhecia Junqueira, mas soube que ele tinha bom trânsito entre os ministros do Supremo.

Geraldo Brindeiro (1995 a 2003)

Com reconhecido currículo acadêmico, Geraldo Brindeiro foi o único a ter quatro mandatos de procurador-geral. Nomeado pelo ex-presidente Fernando Henrique durante o período. Brindeiro,primo do então vice-presidente da República, Marco Maciel, foi taxado de “engavetador-geral da República”, devido aos arquivamentos de processos contra aliados do governo FHC.

Claudio Lemos Fonteles (2003 a 2005)

Claudio Fonteles foi nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro presidente a aceitar uma recomendação da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

A entidade apresentou os três nomes mais votados em eleição entre os subprocuradores, o cargo mais alto na hierarquia do MP. Desde então, Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff passaram a sempre nomear o primeiro da lista.

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Depois deles, vieram, nas gestões do PT, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, Roberto Monteiro Gurgel Santos e Rodrigo Janot

Com o impeachment da Presidente Dilma e a posse de Michel Temer, vieram os procuradores Raquel Dodje (2ª da lista da ANPR) e, na atual gestão, foi escolhido o Augusto Aras que não fazia parte da lista tríplice da entidade.

Fico aqui, pedindo que façam suas reflexões, especialmente sobre dois questionamentos:

1. O Petrolão é realmente o maior escândalo de corrupção do mundo?

2. Como uma ORCRIM respeita tanto a independência do maior órgão fiscalizador da sua gestão e como o presidente que se elegeu com a bandeira anticorrupção, simplesmente joga essa independência na latrina?