Um mês após o início dos confrontos entre duas facções criminosas, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, tenta retomar a rotina de visitas, mas o clima ainda é de insegurança. Há celas destruídas e alguns presos continuam soltos nos pavilhões, sem data definida para ficarem atrás das grades.

Alguns familiares chegaram por volta das 3h da manhã durante o fim de semana, debaixo de chuva, para visitar os detentos dos pavilhões 1, 2, 3 e Centro Médico. As visitas nos pavilhões 4 e 5 serão retomadas somente depois do fim da recuperação da estrutura. Cada parente pôde entrar com produtos como remédios, alimentos, par de sandálias e muda de roupas. Segundo a esposa de um preso, toalha e lençol só podem ser entregues uma vez por mês, para evitar a produção de cordas improvisadas.

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No pavilhão 5, o presídio Rogério Coutinho Madruga, 30 das 50 celas existentes continuam destruídas. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania do RN (Sejuc), 400 homens estão divididos nas 20 celas restantes.

Oficialmente, guerra de facções deixou 26 mortos na Penitenciária de Alcaçuz

Oficialmente, o confronto entre presos do Sindicato do Crime e do Primeiro Comando da Capital deixou 26 mortos. Outros 20 detentos estão desaparecidos e a Sejuc ainda não sabe informar se morreram ou estão foragidos. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social apontam que 56 presos fugiram. Até o fim de janeiro, 4 haviam sido recapturados.

Na sexta-feira (10), mais um crânio foi localizado na penitenciária, totalizando 12 a espera de identificação.  Um dos dramas que os parentes dos mortos enfrentaram foi enterrar os corpos degolados.

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No dia 31 de janeiro, cinco presos apontados como líderes do massacre da Penitenciária de Alcaçuz foram transferidos  para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. Para as famílias, o Estado já sabia do conflito iminente e não o impediu. “Com certeza o governo é responsável. Lá era para ter segurança. Meu filho não foi vivo para lá? Era para ter voltado vivo. E o governo era para ter garantido. Ele não tinha nada a ver com as brigas lá. Ele não tava preso? Eles tavam tudo solto lá, igual que fosse no meio da rua. As celas de lá não tinham portão, nada. Não era para ser tudo dentro das grades, fechadinho? E o total de presos era muito grande lá”, argumenta a dona de casa Eliene Pereira, 45 anos. Ela enterrou o corpo do filho no dia 20 de janeiro.

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Do JC Online