Paulo César é professor especialista em História Geral e bacharelando em Direito

Em todas as nações onde se vivência a prática democrática o papel da oposição é reconhecido pela sua importância. No Brasil o papel que caberia a oposição é feito, em grande, pela imprensa, pois é a partir dela que a população toma conhecimento dos desvios de conduta dos políticos e alerta para os prejuízos econômicos, sociais e culturais de ações desenvolvidas de forma equivocada por órgãos e agentes públicos, principalmente os que têm origem no poder executivo e legislativo.

Infelizmente a oposição no Brasil vive uma crise de identidade, padece de discurso e da falta de poder de mobilização junto à sociedade. Essa crise atingiu também os movimentos sociais, que em sua maioria, abandonaram bandeiras históricas em nome da governabilidade. Em quanto os políticos que hoje são “oposição” não vêem à hora de voltar ao poder, os movimentos sociais se submetem a disciplina imposta por partidos que se dizem de esquerda, e que só pensam em utilizar o aparelho sindical para fins pessoais ou eleitoreiros.

No cenário estadual a situação é ainda pior, já que o governador deita e rola, sem enfrentar oposição. E o pior é que boa parte da imprensa está comprometida e não se esforça em fiscaliza e denunciar as diversas arbitrariedades cometidas pelo Sr. Eduardo Campos. É impressionante como não se divulga nada sobre os péssimos salários pagos aos servidores do estado em todos os seguimentos, sejam da saúde, segurança pública e principalmente da educação. Em Pernambuco se paga o PIOR SALÁRIO DE PROFESSOR DO BRASIL!

As rodovias estaduais encontram-se em péssimo estado, em algumas delas não se encontra 1 cm de asfalto. A Saúde é uma negação, os hospitais estão super lotados, com falta de médicos e de equipamentos de qualidade. O Pacto Pela Vida é uma grande falácia, basta olhar os jornais e verificar a quantidades de crimes que são cometidos do litoral ao sertão, o tráfico de drogas e os assaltos a bancos se multiplicam. Talvez se tivéssemos uma oposição qualificada e determinada poderíamos viver é outro cenário, mesmo que não tivéssemos o melhor do governador do Brasil.

Em nível local a coisa é ainda pior, pois o grau de politização é muito pequeno, não se pode fazer uma analise crítica do mandato de um deputado (federal e estadual), de um prefeito ou de um vereador, sem que a discussão seja levada para o campo pessoal. Esse tipo de postura reduz o debate e impede que algumas questões éticas e estratégicas não sejam vistas com o devido respeito.

Ao longo da história verificamos que em lugares em que não existiu oposição, a população pagou um alto preço, pois se tornaram reféns de políticos demagogos e em muitos casos acabaram sendo governados por ditadores. Um país, um estado, uma cidade sem oposição, é um espaço propício para o surgimento da pior espécie de político. O político autoritário, prepotente e egocêntrico, aquele que não consegui ver além do seu umbigo.

A importância da oposição não pode ser medida apenas no período eleitoral, a sua importância vai mais além, ela se da em todos os momentos da prática política. É ilusão acreditar que a política pode ser vista apenas por um anglo, a política é muito mais ampla e dinâmica, e nesse contexto o olhar da oposição poder no fornecer outros anglos de visão. Em nome da construção de uma sociedade democrática precisamos valorizar e respeitar a prática política feita pela oposição. Essa oposição tem que ser política, e não aquela feita por oportunistas, carreiristas e demagogos.