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Por Manu Silva, militante social – repórter e redatora do Farol de Notícias

Baseada nos cenários de horror que são pintados com o sangue e as lágrimas das mulheres de Serra Talhada todos os finais de semana e nos dados coletados para publicações deste FAROL DE NOTÍCIAS sobre os índices de violência contra a mulher não podemos mais calar e ficar de braços cruzados, as mulheres estão sendo ameaçadas, estão apanhando, estão morrendo. Nestes dois últimos anos tivemos mais de 400 denúncias de agressão na Delegacia de Polícia Civil, com certeza o número aumentará até o final do ano, pois em 2016 foram contabilizados até março, com 64 casos. Em 2015 foram 330 registro.

Nesses mesmos dois anos foram, infelizmente, ocorreram dois feminicídios, ou seja, assassinatos de mulheres enquadrados na Lei 13.104/2015 que o inclui na lista de crimes hediondos. No segundo parágrafo da alteração é descrito que é considerado feminicídio quando o crime envolve mulheres que sofreram violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Legalmente estamos respaldadas, mas até que ponto a Justiça tem atuado de forma eficiente na resolução desses casos? Sem contar que o trabalho das Polícias Militar, Civil e da Justiça não bastam para coibir tantos casos. Precisamos também de ações preventivas.

Tivemos em Serra Talhada, durante os anos de 2014 e 2015 foram 30 casos de estupro. São 1.116 casos de violência contra mulheres denunciados (de 2013 até março de 2016), mas destes 666 chegaram ao Ministério Público e apenas 484 estão tramitando (relembre). E a discussão política só esbarra na criação da Delegacia da Mulher? Não é suficiente, precisamos e muito deste equipamento. Mas também precisamos levar sensibilização para os homens serra-talhadenses e fortalecimento e meios de emancipação para as mulheres. Atividades nos bairros da cidade com as mulheres comuns que apanham todo dia, que não conseguem sair da relação abusiva.

A vendedora Maria Teodósio Pereira da Costa, moradora da Cohab, e assassinada nessa terça-feira (4) pelo ex-companheiro após pouco tempo de reconciliação, já tinha denunciado duas vezes por violência. A dona de casa Francielba Vieira da Silva, 31 anos, assassinada em maio de 2015, no bairro da Caxixola, também pelo ex-companheiro após uma discussão resolvida apenas com acordo e medida protetiva do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A cultura de denúncia já foi instaurada na cidade, foi a primeira conquista atribuída a Secretaria da Mulher, mas a discussão não avançou. Os crimes sim, eles não esperam.

Então, o que está errado? O enfraquecimento dos equipamentos de prevenção e reeducação da população para as práticas violentas e machistas. Precisamos de prevenção de crimes contra mulheres chegando a população simples, além das escolas, além das instituições de acesso privilegiado. Ações voltadas para homens e mulheres agricultores, quilombolas, indígenas, ciganos, na colônia de pescadores, nos bairros que apresentam maior índice de casos, nas associações, movimentos sociais, equipamentos governamentais, Ongs e instituições privadas. Já chega de apanhar, já chega de levar grito, chega de assédio moral, chega de assédio psicológico.

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