jazigo 2

Novos laudos mostram que a barragem do Jazigo também está contaminada e deve ser interditada

Fotos: Arquivo Farol / Alejandro García

Mais um reservatório de águas de Serra Talhada terá de ser interditado devido a existência de toxinas que inviabilizam o consumo humano. A barragem do Jazigo será interditada pela Vigilância Sanitária do município, na próxima semana, por apresentar altos índices de toxinas, em alguns deles superiores aos níveis encontrados em Serrinha. O terceiro monitoramento realizado pelo órgão assegurou que uma nova substância nociva à saúde humana, a microcistina, foi encontrada no Jazigo. A reportagem do FAROL conversou com o secretário executivo de Saúde, Aron Lourenço sobre a contaminação.

“Os índices da barragem do Jazigo em algumas toxinas estão mais altos que em Serrinha, as águas vêm do mesmo manancial por isso o Jazigo também se contaminou”, explica Aron. A barragem do Jazigo é resultado do represamento do Rio Pajeú na cidade, criada em 1983, com capacidade para acumular cerca de 15 milhões m³ de água. Antes da interdição total, a Vigilância Sanitária deverá iniciar o trabalho de conscientização da população. As barragens do Jazigo e Serrinha estão localizadas na Bacia Hidrográfica do Pajeú, a maior de Pernambuco, com uma área de 16.838,74 km², que corresponde a 17,2% da área total do estado.

Aron Lourenço

Aron Lourenço, secretário executivo de Saúde, mostra que Jazigo apresenta índices mais altos de contaminação que Serrinha

Na análise da água bruta, realizada no fim de junho, foram coletadas amostras do Jazigo nas proximidades da BR-232 e de Serrinha no Sítio Riacho do Poço. O Laboratório Central de Saúde Pública, (Lacen) que é de responsabilidade da Secretaria de Saúde de Pernambuco, analisou o material. As principais toxinas encontradas no Jazigo também já foram detectadas em Serrinha.

Segundo os laudos apresentados pelo secretário executivo, a saxitoxinas está presente nas duas barragens, em Serrinha com 0,12 ug/L e no Jazigo 9,1 ug/L para o limite de 0,02 ug/L. A microcistina foi encontrada apenas no Jazigo, com 0,78 ug/L para o limite de 0,15. Mas uma nova toxina a cilindrospermopsina foi indicada em Serrinha e com altos índices, 2,35 ug/L para o limite de 0,05.

CONSEQUÊNCIAS

Desde meados de abril deste ano que as toxinas foram identificadas em Serrinha, ocasionando vários problemas de saúde à população da região, além dos déficits econômicos na região. Aron Lourenço, relembrou que essas substâncias são resistentes à fervura e acarretam sérios riscos à saúde pública, o que levará a total proibição do consumo humano da água, assim como para fins agropecuários e de produção de alimentos.

Com o uso constante dessa água infectada, as toxinas podem causar coceira, ânsia de vômito, intoxicação, hemorragia hepática, choque hemorrágico, esclerose aminiotrófica, doenças neurológicas associadas aos males de Parkinson e Alzheimer, além de câncer.