Idosos na região central de Brasília.

Da Folha de PE

Uma nova pontuação desenvolvida por cientistas identificou 11 fatores relacionados ao risco de demência, a partir dos 50 anos, que consegue prever se uma pessoa desenvolverá a doença nos próximos 14 anos. No mundo inteiro, cerca de 50 milhões de pessoas no mundo já convivem com a síndrome, porém, é previsto que esse valor triplique até 2050, como observam os cientistas do estudo.

O estudo, chefiado por pesquisadores da Universidade de Oxford, ressaltou que identificar e cuidar nos principais fatores de risco, baseados principalmente no estilo de vida, poderia tornar evitáveis pelo menos 40% dos casos.

Foram examinadas 220.762 pessoas do UK Biobank (Biobanco do Reino Unido), com idade média de 60 anos para desenvolver a ferramenta de avaliação de risco, e 2.934 pessoas com idade média de 57 anos do estudo Whitehall II para ela ser avaliada.

Dessa forma, os pesquisadores montaram uma lista de 28 fatores conhecidos ligados ao risco de demência e depois identificaram os mais fortes dentre estes. Isso ajudou a produzir a lista com os 11 fatores principais, que estão sendo usados para desenvolver a ferramenta UK Biobank Dementia Risk Score (UKBDRS).

Esses 11 fatores encontrados foram:

Idade;

Escolaridade;

Histórico de diabetes;

Histórico de depressão;

Histórico de acidente vascular cerebral;

Histórico parental de demência;

Níveis de privação;

Pressão alta;

Colesterol alto;

Morar sozinho;

Ser do sexo masculino.

Os pesquisadores também buscaram compreender a parte genética. Eles testaram uma outra ferramenta parecida com a primeira, mas nesta versão foi verificado se os participantes carregam ou não o gene APOE, associado com o risco de demência.

Ela foi nomeada UKBDRS-APOE. Assim, foi descobriram que o UKBDRS-APOE produziu a pontuação preditiva mais alta, seguido de perto pela ferramenta de risco do UKBDRS. Os pesquisadores disseram que a ferramenta “supera significativamente” outras avaliações de risco semelhantes atualmente disponíveis.

Além de ser essencial na detecção dos grupos de risco, estas ferramentas também ajudam a destacar medidas preventivas que as pessoas podem tomar enquanto ainda é possível. Trabalhos anteriores alertam que até 40% dos casos de demência poderiam ser evitados através da mudança de hábitos, principalmente ao parar de fumar, reduzir a pressão arterial elevada, perder peso e menor ingestão de álcool.

O cálculo das pontuações de cada pessoa pode ajudar a encontrar as que precisam ser priorizadas para testes adicionais visando um rastreamento precoce, como avaliações cognitivas, tomografias cerebrais e análises ao sangue.

“O UKBDRS pode ser melhor utilizado como uma ferramenta de triagem inicial para estratificar as pessoas em grupos de risco, e aqueles identificados como de alto risco poderiam então beneficiar das avaliações de acompanhamento mais demoradas descritas acima para uma caracterização mais detalhada”, escreve o autor principal, Raihaan Patel, pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford, em comunicado.

A co-autora principal do estudo e professora associada da Universidade de Oxford, Sana Suri, ressaltou:

“É importante lembrar que esta pontuação de risco apenas nos diz sobre as nossas chances de desenvolver demência; não representa um resultado definitivo. Embora a idade avançada (60 anos ou mais) e a APOE confiram o maior risco, fatores modificáveis, como diabetes, depressão e pressão arterial elevada, também desempenham um papel fundamental. Por exemplo, o risco estimado para uma pessoa com todos estes sintomas será aproximadamente três vezes maior do que o de uma pessoa da mesma idade que não os tenha”.