ENTREVISTA: Avaliando gestão do PT em ST, Manoel diz que governo poderia ter feito mais

O FAROL dá continuidade à entrevista exclusiva que realizou com o deputado estadual serratalhadense, Manoel Santos, do PT. O parlamentar visitou a nossa redação, no Centro da Capital do Xaxado, para fazer um balanço do seu mandato em 2013 e comentar sobre temas polêmicos. O bate-papo que durou cerca de 30 minutos foi editado em três momentos. Iremos publicar neste sábado (28) a segunda parte.

Leia também a 1ª parte

ENTREVISTA: Manoel Santos presta contas de mandato e fala sobre discriminação na Alepe

Em conversa com o jornalista Giovanni Filho, o parlamentar falou, entre outros assuntos, da dificuldade que tem enfrentado dentro da Alepe para aprovar projetos, da necessidade do prefeito Luciano Duque ter que se afastar do seu padrinho político, Carlos Evandro, e sobre a estratégia do governador Eduardo Campos em cooptar o ex-prefeito Carlos para o PSB.

Nesta edição, Manoel Santos também conversa conosco sobre o possível apoio do Partido dos Trabalhadores ao senador Armando Monteiro Neto (PTB) ao governo do Estado em 2014. E faz uma avaliação do primeiro ano de governo da gestão Luciano Duque. Vale a pena conferir!

Colaborou Alana Costa (do Farol de Notícias)

ENTREVISTA PINGUE-PONGUE – DEPUTADO MANOEL SANTOS (2ª PARTE)

FAROL – No âmbito estadual, existe uma ala do PT que defende a candidatura própria. Qual a sua opinião sobre esse assunto? O senhor defende o apoio a Armando Monteiro ou aposta no PT na cabeça de chapa de uma majoritária?

Dep. Manoel Santos – Eu defendo que a gente construa a melhor estratégia combinada com a maioria do PT em Pernambuco e com o PT nacional. É claro que nós temos uma maioria de companheiros do PT que gostariam que tivéssemos uma candidatura própria; eu também tenho este sentimento, seria importante se o PT pudesse ter uma candidatura própria, que a gente pudesse estar repetindo, por exemplo, a nossa mobilização de 2006, até com a possibilidade de vitória. Mas, também não dá pra gente ignorar o PT vive hoje uma dificuldade em Pernambuco, pelas dificuldades internas dos últimos anos. Por fim o resultado das eleições em Recife de 2012…

Estamos num processo de recuperação desse entendimento interno do partido. É um processo em construção daqui pra frente. Isso significa que o PT tem que trabalhar com a realidade. Nós temos que combinar o passo em conjunto com os petistas de Pernambuco, discutir com a direção do PT nacional uma própria estratégia da campanha a reeleição da presidente Dilma e o que for melhor para Pernambuco. Se tiver segurança de que o melhor para Pernambuco será uma candidatura própria, esse será o trabalho aonde também estará esclarecido para o PTB que é um trabalho de somar no mesmo palanque.

Em 2006 tivemos dois candidatos no mesmo palanque do presidente Lula, Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT); e no segundo turno viemos a juntar em torno de Eduardo.  Nós temos esses dois caminhos para se trabalhar que deverão ser resolvidos, acredito, no primeiro trimestre de 2014; mas ainda não está definido se o PT vai ter candidatura própria ou se apoia Armando Monteiro (PTB) já no primeiro turno.

FAROL – Então, o senhor acredita que Armando Monteiro, um personagem bastante próximo do ramo empresarial e industrial, é um bom nome para representar as aspirações do Partido dos Trabalhadores?

Dep. Manoel Santos – Armando é um nome forte, é um nome que vem crescendo, é um nome que tem tido processo de impulsionamento, que eu diria até que com certa vantagem em relação à largada do PT. Armando representa o setor empresarial, a marca dele é essa. Agora, o PT hoje não tem esse preconceito de não trabalhar com empresário. O que nós temos que definir é quais são as definições programáticas.

Por exemplo, uma das questões importantes do PT é quando a gente cresceu nacionalmente, que se abriu para fazer uma coligação, e eu lembro as dificuldades que nós tivemos lá em 2002 para fazer aquela coligação com o vice, José Alencar, Lula teve que chamar as lideranças e mostrar que era necessário fazer uma aliança com um empresário; e foi assim que o partido cresceu.

Claro que hoje, se fizermos uma aliança com Armando, a diferença é que Armando entraria na cabeça, diferente de Lula, que era o candidato, tendo José Alencar como o vice. Com isto estou dizendo que nós precisamos construir com muita serenidade, ouvindo o conjunto do partido, sem pressa, e ao mesmo tempo sem entrar no processo de radicalização de entrar numa candidatura própria de qualquer jeito.

FAROL – Deputado, entrando agora no âmbito municipal, gostaríamos que o senhor fizesse uma avaliação desse quase um ano de governo Duque. Foi bom ou medíocre na visão do senhor?

Dep. Manoel Santos – A minha avaliação sobre o governo de Luciano é que ele vem sendo o que é possível, sim. Por que? Porque nós fizemos essa aliança, já havia uma aliança feita entre Carlos e Luciano de 8 anos, ampliamos esta aliança com a participação do PT; Luciano veio para o PT, é o candidato representante do Partido dos Trabalhadores. Mas, já sabíamos das dificuldades que teríamos porque o processo de construção política, o jeito de fazer política, por exemplo, que Carlos aprendeu não é muito de fazer no conjunto, de discutir com as diversas lideranças e só tomando decisão de encaminhamento quando tiver construído nessa maioria dos aliados.

E essa essa dificuldade começou a acontecer primeiro quando começa a surgir as dificuldades internas, das dívidas, da participação do município; aonde muitas ações que a prefeitura deveria desenvolver o prefeito começa a não ter verba para fazer, e Carlos começa a fazer o caminho da sobrevivência política. Nós tivemos uma campanha toda com ele numa posição de enfrentamento contra o bloco dos adversário, contra o PSB, contra o próprio governador, e de repente ele entra no bloco; assume o PSB aqui, naturalmente volta para o bloco dos antigos aliados que eram adversários em 2012; o que é uma coisa um tanto contraditória e bastante nebulosa.

Nós temos que trabalhar com isso com uma certa maturidade porque isso acaba confundindo a cabeça de muita gente. Para mim, eu já sabia que essas coisas iriam acontecer numa certa dimensão. Tem-se explorado muito essa questão, dessa dificuldade, dessa divisão com Carlos… Aí sai secretário, troca secretário… Então eu acho que o grande problema hoje de Luciano é exatamente essa dificuldade em juntar a própria base que o elegeu. As coisas irão levar ao que cada um se defina de fato, qual o seu papel, qual o seu objetivo, o que está defendendo; e eu acho que cada dia que passa isso vai ficar mais claro.

FAROL – Então o senhor acha que o governo do PT de Serra Talhada poderia ter feito mais?

Dep. Manoel Santos – Eu entendo que se a gente não tivesse essa diversidade de visão, de postura, sem dúvida era possível; dá para se fazer mais. Sobretudo para nós foi uma grande surpresa ao saber das dívidas, do passivo que foram aparecendo. Isso não era uma coisa visível, não tinha sido discutida antes, nós não tínhamos conhecimento. E isso para o próprio governo é muito ruim.

Como Luciano fazia parte do governo passado, já que ele era o vice; então essa coisa acaba respingando nele, tendo a dificuldade de muitas vezes se fazer do processo de esclarecimento direto, quem é quem no processo e que as dificuldades estão aí; mas eu acho que a gente tem que trabalhar com muita maturidade e pé no chão, para também não provocar rachas e incompreensões maiores do que as que já estão acontecendo.