ENTREVISTA: Para Manoel Santos, PT deve buscar luz própria frente a presença de Carlos

O FAROL dá continuidade à entrevista exclusiva com o deputado estadual serratalhadense, Manoel Santos, do PT. O parlamentar visitou a nossa redação, na semana passada, para fazer um balanço do seu mandato em 2013 e comentar sobre temas polêmicos. O bate-papo, que durou cerca de 30 minutos, foi editado em três momentos. Iremos publicar neste domingo (29) a terceira e última parte.

Leia também a 1ª e 2ª partes abaixo

ENTREVISTA (parte 1): Manoel Santos presta contas de mandato e fala sobre discriminação na Alepe
ENTREVISTA (parte 2): Avaliando gestão do PT em ST, Manoel diz que governo poderia ter feito mais

Em conversa com o jornalista Giovanni Filho, o parlamentar falou, entre outros assuntos, da dificuldade que tem enfrentado dentro da Alepe para aprovar projetos, sobre a necessidade do prefeito Luciano Duque ter que se afastar do seu padrinho político, Carlos Evandro, e também acerca da estratégia do governador Eduardo Campos em cooptar o ex-prefeito Carlos para o PSB.

Nesta edição, Manoel Santos comenta a dificuldade do PT de coadunar forças devido a divisão de pensamentos dentro da base do prefeito Duque. Manoel Santos fala ainda da tática do governador Eduardo Campos em cooptar o ex-gestor Carlos Evandro para o PSB.

E sobre quem saiu perdendo ou ganhando após essa estratégia. O deputado avalia a qualidade da “estrada” para Brasília, tão alardeada pelo atual prefeito. E finaliza discorrendo sobre seus planos para 2014.

Vale a pena conferir!

Colaborou Alana Costa (do Farol de Notícias)

ENTREVISTA PINGUE-PONGUE – DEPUTADO MANOEL SANTOS (3ª PARTE)

FAROL –  Deputado, o governo teve dificuldades porque ficou engessado por conta de dívidas?  O senhor é dos que entende dessa forma?

Dep. Manoel Santos – Um dos elementos centrais é esse. Nós sabemos que o conjunto dos municípios hoje vive uma certa dificuldade, porque o Governo Federal fez uma política, na verdade, de concentrar fundos do Governo Federal para distribuir como investimento para os estados e municípios com o que é importante, porque estamos passando por uma crise internacional fortíssima, e o Brasil continua tendo essa capacidade de não parar os investimentos.

Mas, como a grande parte dos municípios não tem uma cultura, uma preocupação de trabalhar com a máquina enxuta e isso leva, muitas vezes, à dificuldade no momento em que a arrecadação diminui. Eu acho que o que mais atrapalhou aqui, no dia a dia do governo Duque, é exatamente essa dificuldade no processo do governo que vinha e que agora continua. Por outro lado, acho que tem sido muito importante essa diversidade de parceria que ele tem feito com as lideranças nacionais, com o deputado Pedro Eugênio, com o senador Humberto Costa, com o deputado Fernando Ferro, com o deputado Fernando Filho, com o deputado Gonzaga Patriota…

Então, é um governo que está aberto, recebendo aí emendas parlamentares de diversos segmentos. Os deputados estaduais, nós temos colocado o que é possível, nossa margem de manobra é pequena, porque o valor das emendas para deputados estaduais é de apenas 1 milhão de reais. Então, tenho colocado normalmente em torno de 250 mil reais para Serra Talhada; com essa dificuldade que eu já falei antes de liberação… Mas, mesmo assim, eu acho que Luciano está conseguindo fazer esse governo com essa diversidade, e vai aos poucos se saindo de uma situação de dificuldade.

FAROL – A “estrada” para Brasília, da qual fala tanto o prefeito… O senhor acredita mesmo que ela já está servindo?

Dep. Manoel Santos – Sim! Eu acho que esse caminho para Brasília tornou Luciano uma pessoa conhecida hoje no âmbito Governo Federal. Além disso, todos os parlamentares (deputados federais, senadores, ministros) são pessoas que tem também estrada, conhecimento lá. E as ações estão chegando. Agora, é preciso ter todo um cuidado, não só Luciano, mas todos os prefeitos, de trabalhar no limite da responsabilidade fiscal. Não é fácil a gente dizer ‘não’ ao eleitor que junta conosco, onde a maioria ainda tem aquele velho sentimento de que o prefeito é que não trabalha, que não faz nada… Então, muitas vezes a gente tem que dizer ‘não’, às vezes explicando o que é possível e viável de fazer, e acredito que é assim que tem que servir à população.

FAROL – Deputado, então a lógica para Luciano fazer uma boa gestão a partir de 2014 seria se afastar o máximo possível do ex-prefeito Carlos Evandro?

Dep. Manoel Santos – Olhe, eu acho que Luciano tem que, a cada dia, se afirmar com a sua marca de gestor, certo? E não depender dessa ou daquela força. Não falo só com relação à Carlos. Agora é claro e evidente para todo mundo que Carlos está fazendo o caminho da sobrevivência política, isso para mim é muito claro, e eu acho que para Luciano também. Independente de discussão no coletivo, vai para o PSB, assume cargo no governo do estado, etc., e cria muitas vezes uma contradição na sua base principal. No início da gestão Luciano, essa coisa está muito clara e, com o passar do tempo, cada vez mais vai ficar evidente.

FAROL – O senhor acha que essa filiação de Carlos ao PSB foi uma estratégia do governador Eduardo Campos de desarticular o PT em Serra Talhada?

Dep. Manoel Santos – Eu não tenho dúvida de que o resultado dessas eleições municipais em Serra Talhada foi um resultado forte. O fato de estar junto na época, os três deputados daqui, dois estaduais e um federal, mais um senador, Armando, mais o próprio governador, e não ter conseguido virar essa eleição, o governador sentiu o resultado da eleição e ele é bastante articulado de como fazer o revide nessas horas. Sem dúvidas, eu acho que ele foi buscar uma figura que tem um peso reconhecido em todo o interior. Podem até dizer o contrário, mas a marca e a prova disso é, por exemplo, é a investida que ele fez à nível do PT estadual que se dependesse dele, a gente não tinha ficado com um deputado do partido em Pernambuco.

FAROL – E quais as perspectivas do Deputado Manuel Santos para 2014?

Dep. Manoel Santos – 2014 será um ano de muitos desafios para todos os que tem mandatos, e sobretudo, olhando essa eleição geral, nós temos aí, na minha compreensão, a necessidade para a maioria dos brasileiros, a reeleição da presidente Dilma. Eu entendo que o trabalho que vem sendo feito nos últimos 11 anos, com Lula e com Dilma, mudou a cara do Brasil, a sua afirmação econômica, a inclusão social, a luta pela erradicação da miséria, geração mais de 14 milhões de empregos de carteira assinada que foram gerados não empregando no governo, mas o governo dinamizando o ciclo produtivo.

Os dois governaram para os brasileiros. A demonstração real é que as nossas estradas já são insuficientes para abrigar a quantidade de veículos circulantes; a ausência histórica de investimentos em ferrovias, provoca esse super lotamento em nossas estradas, o que é muito preocupante e merece atenção. Lula sendo um metalúrgico, investiu muito no setor…2014 é o ano em que nós vamos ter uma disputa acirrada.