duque e tadeuFotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

A reportagem do Farol conversou, nesta segunda-feira (19), com o deputado federal Tadeu Alencar, que veio fazer uma palestra sobre a proposta de pacto federativo que tramita na Câmara Federal. No embalo, o Farol também provocou comentários sobre as eleições 2016 e os gestos dos secretários Danilo Cabral (Planejamento) e André de Paula (Cidades) em torno do prefeito Luciano Duque. Confira a entrevista na íntegra.

FAROL: O senhor está vindo fazer um debate sobre o pacto federativo, no momento em que está se discutindo uma série de problemas no país, inclusive o impeachment da presidente. O senhor não está indo na contramão com essa história do pacto federativo?

TADEU ALENCAR: Não, eu acho que nós estamos vivendo um momento muito delicado que reclama grande atenção do Congresso Nacional, da sociedade brasileira e essa questão da crise política fez com que a presidente reeleita, tivesse sequer a oportunidade de comemorar sua reeleição. Todos os dias ela tem uma notícia ruim para administrar, faz parte realmente do nosso cotidiano, mas o brasileiro precisa vencer essa pauta. Nós temos problemas gravíssimos, o que devia está ocupando o nosso tempo é exatamente essa crise econômica profunda, que já derreteu nos últimos 12 meses mais de 1 milhão de empregos. E evidentemente que em um momento de crise o modelo federativo, que já sacrifica enormemente estados e municípios, ele fica muito mais gravoso ao interesse desses entes, que é a parte mais fraca da federação.

Então, apesar de a gente entender que tem um debate muito forte a ser feito sobre essa questão do impeachment da presidente, das denúncias gravíssimas que são todos os dias revelados pelos meios de comunicação, a cerca do presidente do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Eduardo Cunha. Nós temos um debate sobre o novo modelo federativo e de federalismo, que está na ordem do dia. Nós temos duas comissões no Congresso Nacional funcionando já em via, na Câmara já apresentou o seu relatório e está em via de votá-lo no plenário. E seguramente é um tema que faz com que todos os meses centenas de milhares de prefeitos estejam em Brasília discutindo a necessidade de, ao tempo que aumentaram muito as suas atribuições, os encargos a cerca de estados e municípios, nós tivemos uma diminuição brutal dos recursos que eles têm para fazer frente a esses encargos e a essas atribuições.

Tanto é que na segunda-feira (26), nós teremos na Assembleia Legislativa, capitaneado pela Amupe, mais um debate a cerca desse tema. Então, nós não temos uma prevalência de um tema sobre outro, são todos temas que vamos ter que enfrentar no Congresso e evidentemente que é importante debater, principalmente nas regiões como aqui no Sertão de Pernambuco, que mais sofre com esse federalismo de pilhas na mão. Que é o que estamos vivendo, a ordem econômica federativa completamente distorcida e é importante, portanto, discutir e apontar caminhos. Como está fazendo a comissão que está apresentando o relatório agora na Câmara dos Deputados.

FAROL: A impressão que se tem é que o Governo Federal não tem muita boa vontade de discutir esse assunto (pacto federativo). O senhor acha que o congresso vai convocar essa matéria na ordem do dia, fazer com que o Governo Federal enxergue que isso é uma necessidade?

TADEU ALENCAR: Eu acho que a União, que é quem detém a maior parte do bolo da arrecadação, isso significa poder. Isso é uma visão distorcida, porque ao tempo em que aparentemente que você fica ali com a prerrogativa de distribuir esses recursos, segundo seus interesses, ou para agradar um ou outro, que seja do seu agrado. Nós estamos atravessando um momento de grande dificuldade e cada vez mais a União é cobrada dos estados e municípios para concorrer com o equilíbrio entre competências, atribuições e responsabilidades para fazer frente a isso.

Eu acho que ainda que não seja de interesse da União, possivelmente não é, essa é uma discussão que vem se avolumando enormemente e em uma energia crescente que fica difícil você não colocar isso. Já para tomar decisões que permitem uma nova redistribuição da receita da União.

FAROL: Eu gostaria que o senhor fizesse um breve comentário sobre 2016 em Serra Talhada. como secretário de governo eu posso citar o André de Paula e o Danilo Cabral, por exemplo, que têm uma rota de sintonia com o governo Duque. O senhor é um dos que defendem uma aproximação do governo do Estado com o governo Luciano Duque? Defende uma parceria para 2016?

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TADEU ALENCAR: Eu sou amigo do prefeito de Serra Talhada de muito tempo, temos ligações. Eu sou aqui da região do Cariri cearense, que sempre teve muita ligação com Pernambuco. Luciano é um amigo de longa data, sempre foi alguém que gozou da nossa fraterna amizade, circunstancialmente hoje está em um partido ao qual fazemos oposição. Eu acho que quanto mais podermos ter gente como ele, que tem a disposição de ajudar, de participar da política para ajudar o seu povo. Eu acho que quando mais tivermos a capacidade de juntar pessoas com esse objetivo é bom para Pernambuco, Luciano Duque seguramente tem um problema partidário, que nos coloca em campos distintos, mas a rigor, hoje se você olhar a trajetória dele sempre fez parte desse nosso conjunto. Por isso, eu vejo com muita simpatia a possibilidade de que possamos aprofundar esses entendimentos e estarmos juntos.

Evidentemente, eu tenho uma responsabilidade partidária, com o meu partido e com os partidos que fazem parte da nossa base, nós não vamos fazer isso fragilizando nenhum companheiro. Nós temos aqui, Sebastião Oliveira e outros que fazem parte da base do governo e que precisam estar conectados com essa discussão. Não vamos fazer, aproximar pessoas, afastando outras. Nós temos que fazer um movimento que seja para todo mundo e que principalmente seja bom para Pernambuco.

FAROL: O senhor já fez convite para Luciano ir para o PSB?

TADEU ALENCAR: Não, acho que não me cabe fazer esse convite. Eu sou vice-presidente estadual do partido, mas eu sei o meu papel e nesse momento eu acho que essa discussão não está a cargo de um ou de outro. Isso é uma discussão partidária e principalmente liderada pelo nosso líder no Estado que é o governador Paulo Câmara.

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