Do Diario de Pernambuco

Emma Coronel, a esposa do ex-chefe do cartel de Sinaloa El Chapo Guzmán, se declarou culpada de narcotráfico e de ajudar seu marido a fugir da prisão diante de um juiz federal de Washington DC nesta quinta-feira (10).

“Culpada”, disse Coronel ao juiz Rudolph Contreras quando ele perguntou se era culpada ou inocente dos três crimes de que é acusada: conspiração para distribuir drogas nos Estados Unidos, lavagem de dinheiro e transações com narcotraficante designado.
Durante a audiência, que o público e a imprensa puderam escutar por telefone, o procurador Anthony Nardozzi disse que Coronel ajudou El Chapo a enviar para os Estados Unidos ao menos 450 toneladas de cocaína, 90 de heroína, 45 de metanfetaminas e 90 de maconha.
Também disse que Coronel, que se casou com El Chapo adolescente e que teve gêmeas com ele, ganhou dinheiro ao alugar propriedades compradas com dinheiro da droga.
Segundo Nardozzi, Coronel era “intermediária” entre integrantes do cartel e seu marido quando ele estava na prisão, e ajudou os filhos de Chapo a “planejarem e coordenarem” sua fuga da prisão em 2015.
Coronel, de 31 anos, será sentenciada por Contreras em 15 de setembro e permanecerá detida até então. Enfrenta uma sentença mínima de 10 anos e um máximo de prisão perpétua, mas sua declaração de culpa pode reduzir sua condenação.
A ex-rainha da beleza mexicano-americana foi presa em um aeroporto internacional próximo a Washington em 22 de fevereiro sob suspeita de estar envolvida nos negócios do narcotráfico de seu marido e de tentar ajudá-lo a escapar da prisão no México. Está detida desde então.
Seu esposo, Joaquín “Chapo” Guzmán, considerado o traficante de drogas mais poderoso do mundo antes de ser extraditado do México para os Estados Unidos em 2017, foi condenado à prisão perpétua em julho de 2019 por enviar toneladas de drogas aos Estados Unidos ao longo de 25 anos.
El Chapo, de 64 anos, cumpre sua pena no presídio federal de maior segurança do país, o ADX em Florence, Colorado.
Durante o histórico julgamento de El Chapo em Nova York, testemunhas e provas mostradas pela Promotoria apontavam que Coronel estava ciente dos negócios de narcotráfico de seu esposo e que o ajudou a tentar fugir da prisão duas vezes.
Uma dessas testemunhas, Dámaso López Núñez, conhecido como “Licenciado”, ex-chefe de uma prisão mexicana que depois trabalhou para El Chapo, contou no processo como Emma Coronel ajudou seu marido a fugir do presídio de Altiplano de motocicleta por um túnel de 1,5 km, e a planejar uma segunda fuga após sua prisão um ano depois, que nunca se concretizou.
Outra vez, os promotores revelaram mensagens de texto nas quais El Chapo pede a Coronel que esconda suas armas antes de uma operação policial.
A acusação também divulgou uma ligação entre Coronel e El Chapo, na qual a mulher passa o telefone ao seu pai, Inés Coronel Barreras, que também fazia parte do cartel de Sinaloa, para que El Chapo o aconselhasse sobre uma passagem de drogas pela fronteira com os Estados Unidos.