Do Diario de Pernambuco 

Na era do excesso de imagens, buscar novas perspectivas para representar lugares já popularmente conhecidos é um dos maiores desafios modernos para a fotografia. É sob a ótica dessa provocação que se fundamenta a exposição Pernambuco por Breno Pessoa, montada na galeria da Urban Arts, em Boa Viagem. A mostra fica aberta para o público geral a partir desta sexta-feira (27), das 9h às 19h, até o dia 2 de setembro.

Ao todo, são 9 imagens de cartões postais do estado, explorando paisagens do Recife, de Olinda, da Praia dos Carneiros e de Fernando de Noronha. Um nome em ascensão no mercado, Breno explica o que os visitantes vão encontrar. “Busco sempre bater forte no deslumbramento dos pernambucanos pelas belezas naturais e históricas de nossa terrinha, além de despertar e também buscar belas composições sem o apego local, focando as belezas naturais como paraísos desconhecidos de lugar e tempo”.

Alcançar esse estímulo do descobrimento e fugir do óbvio é especialmente complicado se tratando de pontos turísticos muito visitados pelo público como os representados por Breno. Para o fotógrafo, além de pequenas alterações, a subjetividade do artista pode surgir em momentos para além do clique. “Tentamos sempre variar alguma coisa, mesmo que seja um pouco de ângulo ou perspectiva. Além disso, temos um tratamento de imagem e uma caracterização específica. Eu adoto um padrão de cor que algumas pessoas do meio conseguem identificar. Então você consegue ter uma personalidade na foto através do tratamento da imagem”, explica.
Formado em engenharia, mas surfista por hobby, Breno começou desde 2014 a registrar suas empreitadas no mar como admirador das belezas naturais. Fotografava amigos surfando, paisagens e a vida marinha, o que tornou as praias o lugar favorito dos seus primeiros trabalhos, seja em Fernando de Noronha, Maracaípe ou Tamandaré. Quando possível, Breno revela “evitar o aparecimento dos prédios e da superurbanização da cidade”, que têm tomado conta de áreas históricas do Recife.
Para conter a grandiosidade de algumas das paisagens pernambucanas, foi necessário também a exploração de novas técnicas, como o uso de drones. “Você consegue acessar áreas que não conseguia, e cobrir uma área muito maior do que se fosse a pé. Além da liberdade de entrar no jogo de se imaginar voando”, conta. Controlado pelo próprio fotógrafo, os drones já são uma ferramenta consolidada na fotografia de paisagem, mas que expandem os limites do ofício. “Com drone podemos aplicar as mesmas regras de composição, mas vai nos levar para outro campo de visualização das imagens. Para mim, é ter acesso a outras perspectivas”, complementa.
Encabeçada principalmente por Bruno Lima, a fotografia fine art no Recife é um mercado em ascensão. Para Breno, o segmento é uma conexão entre o apuro artístico do fotógrafo e as conexões emocionais do público. “Para uma pessoa que tem um apreço muito grande por um trecho da praia ou um espaço turístico específico, é uma forma de você juntar esse apreço pela arte e o apelo emocional do cliente que quer ter aquela fotografia em casa”.
A exposição faz parte do projeto da Urban Arts, em parceria com artistas locais de fotografia fine art, de se firmar também como um espaço cultural no Recife, para além do ponto comercial. “Mais que uma loja, somos uma galeria de arte e o propósito da marca é promover a acessibilidade à arte. Levantamos a bandeira de Pernambuco e queremos mostrar o olhar singular dos artistas daqui do estado para um público apaixonado pela diversidade da cultura pernambucana”, comenta a franqueada local Brisa Diniz.