conta-de-luz-caraPor Luciano Menezes, Historiador com Pós Graduação em História Geral e do Brasil

Os planejamentos de construções de barragens buscavam, segundo o CBDB – Comitê Brasileiro de Barragens, um maior usufruto dos benefícios dos recursos naturais oriundos dos recursos hídricos. Propagando o discurso do “mudar para melhor”, a Chesf afirmava também a necessidade de ampliar a produção de energia já no final da década de 1970. Cria-se dessa forma, a ideia de um progresso vindouro e almejado por muitos, justificado por um desenvolvimento promissor que estava por vir.

Todavia, era visível o descompromisso com a sociedade, com a grande quantidade de gente que deveria ser realocada, e “indenizada”, frente às grandes obras estruturais. Paulatinamente, em meados início dos anos 1980, aumentava gradativamente a expansão de uma política discursiva que afirmava um processo de modernização e mudanças relevantes.

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No caso das cidades inundadas pelo lago da barragem de Itaparica, hoje apesar das secas constantes e da queda do nível do reservatório, ainda não chegamos ao ponto da suspensão diária de energia, entretanto, hoje, o “realismo tarifário” de Rufino coloca mais uma carga pesada nas costas das “mulas consumidoras,” além das divulgações dos discursos que colocam a massa como responsável pelos seus “consumos exacerbados.” Fatores que já vem ocorrendo em alguns estados venezuelanos.

Contudo, não somente a população reassentada no sertão de Itaparica, contraditoriamente amarga os preços elevados nas contas de energia, mas grande parte da população brasileira sofre com isso.

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Para o Estado, para a Chesf e para a Codevasf, as mudanças eram essenciais, independentemente das proporções tomadas. Elas representavam a construção de uma “modernidade e de um progresso” e, a energia produzida a partir das construções das barragens simboliza mais um fruto imprescindível dessa “modernidade”.

Como pano de fundo dessas políticas modernas enganadoras, nas construções das barragens estava às relações econômicas determinantes que instigava uma prática política que Florestan Fernandes descreveu como utópica e que não sobrepujou o sofisma iluminista. Uma vez que, olhando por o viés desses conceitos, futuramente os consumidores de energia do sertão de Itaparica teriam que pagar preços cada vez mais elevados de uma energia produzida a partir de seus próprios recursos naturais, o que tem sido totalmente discrepante com o discurso da época.

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Enfim, essa realidade árdua é apenas o princípio de grandes tempestades que se aproximam.