Publicado às 09h37 desta quinta-feira (4)

Por Nelson Pereira de Carvalho, ex-prefeito de Mirandiba e ex-deputado estadual

Como se fosse hoje, lembro-me de Padre Afonso sacerdote ainda jovem em Serra Talhada, e também do nosso Primo Custódio Carvalho, hoje também padre. Este que assumiu a paternidade de muitos dos parentes que iam atrás das oportunidades nesta cidade de Serra Talhada, para estudo e trabalho. Eu também vivi esta fase de oportunidade de estudar os dois primeiros anos do ensino de primeiro grau no período de 1970/71 no Ginásio Industrial Cornélio Soares em Serra Talhada, recebendo este apoio. Mas o Padre da época a quem estou me referindo, era este jovem muito atuante na religiosidade e nas causas sociais de saúde e meio ambiente cujo nome é, Padre Afonso Carvalho, hoje Monsenhor Afonso.

Pois bem, esse senhor é oriundo de uma comunidade rural de Mirandiba, conhecida como Açude Velho, fazenda típica sertaneja, onde seus pais trabalhavam de forma permanente para dar educação e o sustento para sua família. O jovem Afonso Carvalho buscou seguir a orientação religiosa de sua família, concluiu sua formação eclesiástica e retornou para desenvolver suas prerrogativas sacerdotais nesta grande cidade de Serra Talhada, que o acolheu e acolhe a todos nós, que temos origens nas cidades circunvizinhas.

No entanto, destacando esta breve introdução, venho notificar a relação que foi construída com este grande homem e padre neste município de Mirandiba, no período em que estive como prefeito no período de 1992/96. Pois bem, encontrei o pioneirismo e o protagonismo de um intransigente defensor do meio ambiente, do bioma caatinga, e dos recursos naturais existentes; inclusive recebi incentivo e apoio para a criação de um laboratório e farmácia fitoterápica. Vi grande dedicação e interesse em preservar e encontrar, através de seus estudos e suas pesquisas, a cura de muitas doenças pelas plantas. E seus conhecimentos profundos na área das doenças psicossomáticas, que acometem grande parte da população de nossa região.

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Diante da grande personalidade e conduta aí exposta deste sacerdote, busquei sua ajuda e a do nosso também grande e emérito Bispo à época da cidade de Caruaru, oriundo de nosso distrito de Tupanaci, município de Mirandiba, Dom Augusto Carvalho. Ele sempre se fez muito presente em período de grande seca ocorrida nesta década. Pude compartilhar e presenciar sua dedicação na busca de soluções aos problemas mais difíceis, como a seca, falta d’água e a fome que afligia e sufocava a evolução e o desenvolvimento de nossa região.

Mas para ressaltar o valor desses grandes homens e líderes religiosos, que atuavam com discrição na prestação e dedicação de seus conhecimentos e suas experiências para nossas comunidades, venho aqui reconhecer o valor dessas práticas na nossa parceria. Agora que se fala muito em meio ambiente, esses fatos devem ser lembrados, falta continuidade naquelas ideias e ações feitas há mais de 25 anos e que nesse contexto precisam ser atualizadas. Toda comunidade que viveu aquela grande seca na década de 90 em nossa região sabe as dificuldades.

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A atitude do nosso grande bispo, radicado na cidade de Caruaru e fundador de Faculdade de Filosofia e Letras naquela cidade, onde vários mirandibenses foram para lá estudar, foi de grande valia. Nunca mediu sacrifício e esforço para contribuir, estimular, orientar, até disponibilizar recursos financeiros para somar força aos parcos repasses de FPM (Fundo de Participação dos Municípios) recebidos do governo federal em nossa gestão de prefeito.

Com o elevado propósito de aproveitar e racionalizar a mão de obra humana, tirando o homem da pá e picareta e o substituindo por máquinas, para fazer infraestrutura hidráulica de cacimba, barragens e estradas e os colocando para bater tijolos, para construção e substituição de moradia de taipa, por casa de tijolos.

E o acompanhamento, para melhor aproveitamento desses recursos nas ações de emergência e de convivência com a estiagem prolongada; fazendo contribuições para ações de perfuração de poços, construções de barragens e apoio para alimentação de muitas famílias, que passavam fome e sede naquela grande seca. Naquela época não existia programas de transferência de renda como Bolsa Família, Seguro Safra, Micro Crédito, eram as famosas emergências, para construção de estradas e barragens.

Além de possuir gestos de solidariedade com nossos irmãos, quero destacar o que o Padre Afonso idealizou junto conosco para as futuras gerações, a criação em suas terras uma área de preservação ambiental, que foi tombada como Patrimônio Municipal e como Unidade de Conservação do Bioma Caatinga, tendo aproximadamente 500 hectares.

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Apoiou o tombamento feito pela nossa gestão, do casario construído no início do século XX como Patrimônio Histórico Municipal, existente na vila de Santa Maria hoje denominada Tupanaci; tornando-a patrimônio a ser preservado por lei municipal e federal e passa a receber recursos oriundos do Ministério da Cultura, através do SFAM. Tendo sido naquela época restaurado todos os imóveis, que corriam risco de desabamento e descaracterização de sua arquitetura.

Não podemos esquecer este legado e deixar registrado a ideia da construção de um polo turístico, com a formação dessa trempe, constituída pelas áreas de preservação ambiental do Açude Velho, pelo casario de Tupanaci e pela Grande Mangueira, localizada no Brejo do Gama próxima a esta área de preservação. Se melhor preservada serviria para o fortalecimento e estudo de nossa fauna de animais silvestres, nossas raízes familiares e culturais, que serão referências de atitudes ecológicas pioneiras em nosso município e servirão de exemplo para as atuais e futuras gerações na preservação ambiental.

Parabéns ao nosso querido Padre Monsenhor Afonso Carvalho, ao nosso Saudoso Bispo Dom Augusto e a nosso querido Padre Custódio Carvalho.