Foto: Mahmud Hams/AFP

Por Folha de Pernambuco

Os habitantes de Al Maghazi continuaram nesta segunda-feira (25) em busca de sobreviventes entre os escombros após o bombardeio israelense de domingo contra esse acampamento de refugiados palestinos na região central da Faixa de Gaza.

O ataque deixou pelo menos 70 mortos e destruiu “um bloco de casas”, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Esse não poderia ser confirmado por um balanço de fonte independente.

O Exército israelense disse que “analisa” a informação que recebeu sobre esse “incidente” e repetiu que toma “as medidas possíveis para minimizar os danos aos civis”.
Esse corpo militar bombardeou a Faixa de Gaza desde o ataque do Hamas em solo israelense em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos, principalmente civis, segundo as autoridades israelenses. De acordo com o governo do Hamas, mais de 20.600 pessoas morreram na represália israelense.

No acampamento de refugiados bombardeados, sobre os restos de casas derrubadas, podem-se ver depósitos de água destruídos, cabos elétricos emaranhados e árvores arrancadas, segundas imagens da AFPTV.

Um grupo de homens busca por todas as partes sobreviventes sob os escombros. Outros tentam consolar um homem que chora.

Ziad Awad escapou do ataque, cujos danos se compararam a “um terremoto”. “Sobrevivi ao massacre. Estava dentro e seguro com meus filhos”, disse à AFP.

“Bombardearam uma casa ao lado. Meu filho me pede que o proteja, mas nem eu posso me proteger”, acrescenta abatido o pai de família. Como muitos, fui “surpreendido pelo bombardeio de casas”, afirmando que não recebi “nenhum alerta”.

“Nenhum lugar é seguro”
Casa por casa, os habitantes do campo operam com os danos causados pelo bombardeio noturno. Uma pequena loja chamada “Supermercado dos mártires” ameaça desabar, após ter sido atingida pelo impacto.

Muitos refugiados deslocados que fugiram dos combatentes no norte entre o Exército israelense e os combatentes do Hamas resgataram abrigos em localidades mais ao sul, como Maghazi.

É o caso de Rawan Manasra, natural de Beit Hanoun, que viu sua vida desmoronar, devido à guerra. “Eles (o Exército israelense) mataram meus cinco irmãos. Eu não tenho mais irmãos. Mataram eles, seus filhos e esposas”, lamenta.

“Todos os dias há bombardeios. Nenhum lugar é seguro. Nos dizem para nos mudarmos do norte para o sul, mas nos perseguem e atacam”, denuncia.

Dezenas de corpos recuperados do campo de refugiados de Al Maghazi foram levados para o hospital superlotado de Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza, e colocados no chão do pátio da instituição.

O serviço de emergência está cheio de feridos solitários, sem familiares, ou médicos para atendê-los. O porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al-Qudra, denunciou “um massacre” no dia seguinte ao ataque israelense.

“Dezenas morrem como mártires pela impossibilidade de atendê-los imediatamente”, assegura. “Os médicos são obrigados a selecionar entre os feridos”. Os civis “são amputados pela falta de médicos, salas de cirurgia, medicamentos, materiais”, indignou-se o porta-voz.