Publicado às 05h19 desta terça-feira (4)

Os impactos da pandemia também afetaram diretamente a sobrevivência das profissionais do sexo de Serra Talhada a ponto de passarem dificuldades até para se alimentarem. A categoria já estava sofrendo com dificuldades ocasionadas pelas enchentes de março de 2021 e com a escassez de trabalho devido ao coronavírus, em julho recorreram ao Farol para pedir ajuda (relembre aqui). Nessa segunda-feira (3), a redação do Farol recebeu mais um pedido de ajuda, pois continuam perecendo diante tantas dificuldades.

Maria das Dores de Souza (Dorinha), 43 anos, moradora do bairro Borborema, recorreu ao Farol para relatar o drama que vem vivendo após a pandemia, sem poder se manter. Ela perdeu os pais ainda muito jovem, o pai faleceu quando tinha 11 anos e a mãe quando tinha apenas 15 anos, época em que já trabalhava em casas de famílias. ”Quando eu perdi meus pais fiquei morando na casa de um e na casa de outro” e há mais de 15 anos trabalha como profissional do sexo.

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”Antes eu trabalhava em outros setores depois comecei trabalhar na Rua da Lama, mas depois da pandemia o movimento acabou e a gente não arruma nada. Preciso de ajuda para pagar aluguel, pagar luz e as outras despesas porque não tem mais movimento. Eu sempre sai de casa 6h para trabalhar, até agora com a pandemia também, mas volto 13h ou 14h porque não tem movimento. Antes, quando o movimento estava bom, dava para pagar as contas e botar as coisas dentro de casa, não dava para definir uma diária porque uns dá um preço outras dão outro, mas dava para se manter. Hoje está tão difícil, estou com o aluguel atrasado, tem água e luz para pagar e falta até alimento”, disse, continuando:

”O povo de uma igreja evangélica estavam me ajudando, eu estava limpando a igreja, mas depois que fechou, eu não fui mais limpar, não vi mais eles. Pagavam meu aluguel e me davam cesta básica de 15 em 15 dias, mas não puderam mais me ajudar. Na época das enchentes, se nós recebemos 3 cestas básicas da prefeitura foi muito e mesmo na pandemia, com todos os bares fechados, a gente não recebeu ajuda de ninguém, nem de vereador nem de ninguém. O que a gente recebeu muito nas redes sociais foram críticas.

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Durante a conversa com a reportagem, Dorinha afirmou que lamenta pelas críticas que recebe por pedir ajuda, mas pede ajuda porque está precisando. Ainda durante a conversa ela relatou que começou fazer dida (picolés de saquinhos) para tentar conseguir pagar uma conta de luz. No entanto, para isso, pede 1 pacote de leite a um, 1 quilo de açúcar a outro para poder fazer os didas e sair vendendo. Ela finalizou fazendo um apelo, afirmando que queria poder ter uma oportunidade para trabalhar como Gari, porém falou das exigências para se conseguir emprego atualmente.

”Queria fazer um apelo para quem puder ajudar, mas se não puder não critique porque a vida da gente não é fácil e ainda ter que escutar que estamos tirando dinheiro dos filhos dos outros, a gente está lá, vai quem quer, é um trabalho, a gente não tem outro trabalho. Eu recebi os R$150 do auxílio, mas não dá nem para pagar o aluguel. Eu queria mesmo era um emprego de varrer rua para ganhar meu dinheiro, mas até para varrer a rua tem que ter curso e eu só estudei até a 4ª série”, lamentou. Doações para Dorinha podem ser enviadas para a redação do Farol de Notícias, na Rua da Boa Vista, próximo a farmácia Santa Clara.