Publicado às 05h desta segunda-feira (23)

Por Jorge Apolônio, Policial Federal e integrante da Academia Serra-talhadense de Letras (ASL)

As pessoas que entendem ainda que medianamente de política, principalmente os pernambucanos, conhecem a capacidade e a operosidade política de Fernando Bezerra Coelho. A César o que é de César. Ele é sagaz, astuto, envolvente, eficaz, produtivo. Entretanto, todas essas suas virtudes têm seu preço e, sabem os entendidos, não é barato. É aí que sua reputação se esvai. FBC, ainda que virtuoso sob os aspectos citados, tem uma péssima reputação aos olhos das pessoas de bem por causa do seu preço e, sobretudo, pela forma como ele cobra.

Os eleitores bolsonaristas, especialmente os pernambucanos, ficaram estupefatos quando Bolsonaro aceitou FBC como líder do governo no senado. Não dava para acreditar naquela estupidez. Foi um verdadeiro tapa na cara. A escolha surpreendeu, decepcionou e nos deixou confusos sobre a inteligência e a suposta moralidade de Bolsonaro. Quando os dois apareceram numa mensagem de vídeo sorrindo dentro de um jatinho a caminho de Pernambuco, aquilo causou náusea no referido eleitorado.

Sabendo-se da vida pregressa de FBC, era uma questão de dias o estouro de uma operação policial tendo-o como alvo. Apesar da defesa dos defensores do indefensável, a bola é redonda, o quadrado tem quatro lados iguais, resumindo: o óbvio é óbvio. É claro que essa bomba iria estourar, pois, apesar de Gilmar, Toffoli etc., ainda há JUÍZES com J maiúsculo no Brasil.

O irônico dessa tragédia é que de fato FBC ajudou firmemente o governo em ações dentro do senado. Claro, ele é operoso, hábil. Mas e o custo disso, além do desgaste? Será que não há um senador capaz, à altura da liderança desse governo. É claro que sim.  Agora se vai correr atrás para sanar um prejuízo que era tido como certo.

Como se já não bastassem as vergonhosas firulas paternas para proteger o filho senador enrolado com o “rachid” do tempo em que era deputado estadual do Rio e o nepotismo inadmissível, constrangedor ao indicar um outro filho deputado federal para embaixador nos Estados Unidos, explode essa outra desmoralização que era tida como favas contadas por quem tem um mínimo de bom senso político e vergonha na cara. Foi o mesmo que atravessar a rua só para pisar numa casca de banana lá na outra calçada. Assim não dá, Bolsonaro.