Mais uma família de Serra Talhada foi prejudicada devido a deficiência do sistema de segurança pública de Pernambuco. Na tarde dessa quarta-feira (4), o FAROL foi procurado por familiares do agricultor Lourival Cornélio, 58 anos, assassinado por volta das 13h com tiros de espingarda calibre 12, no sítio Baixa, na zona rural da Capital do Xaxado. De acordo com informações de testemunhas, o corpo dele esperou, pelo menos, seis horas para ser removido do local do crime até ser encaminhado aos primeiros cuidados do Estado.
Para os familiares, os mais revoltante é que o corpo de Lourival Cornélio foi levado para o Hospam, em Serra Talhada, por volta das 18h, enrolado numa rede dentro da carroceria de uma caminhonete da Polícia Militar, devido a paralisação, desde o dia 1º, dos serviços do IML (Instituto Médico Legal) no município, através do chamado “rabecão”.
Logo após o crime, a família da vítima denunciou ao FAROL que a remoção para a perícia não iria acontecer por conta que, o Corpo de Bombeiros, que não tem atribuição para prestar o trabalho, havia interrompido as atividades, pois estava sem a garantia de receber pagamentos pelo serviço por parte do Governo do Estado.
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O FAROL conversou com o comando dos Bombeiros em Serra Talhada, que vem “quebrando o galho” neste trabalho há três anos. A remoção de corpos pelo IML é uma atribuição da Polícia Científica. De acordo com o major André, comandante do batalhão, as atividades haviam sido suspensas mediante aviso prévio há mais de 15 dias à Secretaria de Defesa Social (SDS).
O órgão não havia dado garantia de renovação do convênio junto ao batalhão da Capital do Xaxado para este mês de dezembro. E o comando aguardava uma resposta sobre a regularização de diárias pelo serviço a frente do carro do IML. Os bombeiros recebem apenas R$ 50, no seu período de folga, para rodar até 1000 km por dia carregando corpos vítimas de crimes violentos em vários municípios da região.
“Esse serviço (de remoção de corpos) vem sendo realizado pelo Corpo de Bombeiros na sua folga do trabalho, de forma voluntariada. Os soldados vendiam a sua folga. Mas fomos informados que a cota de pagamentos de diárias para os bombeiros foi encerrada. É importante frisar que não estamos contra o serviço, apesar da atribuição não ser do Corpo de Bombeiros. Então, não havíamos conseguido renovar os valores das diárias. Por conta disso, não existiam mais bombeiros voluntários”, explicou major André.
GARANTIA
Horas depois da entrevista a nossa reportagem com major André, a SDS informou ao Corpo de Bombeiros de Serra Talhada que as diárias pagas aos soldados voluntários do batalhão serão normalizadas ainda esta semana.
Já o corpo do agricultor Lourival Cornélio foi encaminhado ao Hospam, por volta das 18h, onde ainda esperou durante horas, sob o pranto de indignação de familiares e amigos, até a chegada de um carro do IML que vinha de Caruaru, no Agreste.
A polêmica sobre a ausência de um IML em Serra Talhada ganhou força após a morte do protético Paulo Marcos, o “Paulinho”, no início do ano. A família dele esperou por cerca de 10 horas pela remoção do corpo até a equipe do Instituto Médico chegar. O fato causou grande comoção na cidade.
Depois disso houve um intenso debate político sobre o assunto. Foi criado um movimento espontâneo, por parte da população, chamado IML JÁ, que colheu assinaturas num abaixo assinado que foi encaminhado até as mãos do secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio. Em audiência com vereadores, Damázio informou que um IML seria instalado em Salgueiro.
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