Do Folhape

Foto: Colombian Presidency / AFP

Oito mortos e centenas de populações paralisadas sob a mira de armas e ameaças nas redes sociais deixa a investida lançada pela quadrilha do chefe do narcotráfico extraditado Otoniel, a três semanas das eleições presidenciais na Colômbia.

Apesar da mobilização militar, o Clã do Golfo completou nesta segunda-feira (9) cinco dias de “paralisação armada” em uma vasta área do norte da Colômbia. Embora o maior dano tenha sido causado nas estradas, onde quase 190 veículos foram incendiados, os pistoleiros mataram oito pessoas, incluindo três civis, segundo o balanço parcial de autoridades. Também na ofensiva caíram três militares e dois policiais.

O episódio mais recente ocorreu nesta segunda-feira, no município de Santa Fé de Antioquia, onde, segundo o Exército, uma “caravana humanitária” escoltada pelas tropas foi atacada com explosivos. “Um soldado e um integrante da Polícia Nacional foram mortos” e mais quatro membros da força pública ficaram feridos, informou o comando militar.

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Na maior demonstração de força do narcotráfico nos últimos tempos, o Clã do Golfo também interrompeu as atividades em centenas de municípios de nove dos 32 departamentos da Colômbia. Diante da ameaça, localidades de Antioquia, Chocó, Córdoba, Sucre e Bolívar – os departamentos mais afetados – optaram pelo confinamento.

Mobilização inédita

Nesta segunda-feira, o presidente Iván Duque prometeu uma resposta mais dura contra a quadrilha, que, segundo estimativas oficiais, movimenta entre 30% e 60% da cocaína produzida no país, maior fornecedor mundial dessa droga.

“Verão uma mobilização inédita contra essa estrutura”, afirmou Duque após um conselho de segurança em Carepa, no departamento de Antioquia (noroeste).

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Segundo o presidente, 52 mil soldados e policiais combatem o cartel de Otoniel. Ele também anunciou a criação de blocos de buscas para localizar “Siopas”, “Chiquito Malo” e “Gonzalito”, que assumiram o controle do exército de pistoleiros de Otoniel.

Unidades combinadas da polícia e do Exército capturaram 175 supostos membros do Clã e apreenderam armas, munição e granadas.

Dizimado após anos de perseguição, o Clã do Golfo chegou a contar com um exército de cerca de 4.000 homens, incluindo informantes e pistoleiros. O centro de estudos independente Indepaz estima que sua força esteja em torno de 1.600 membros.

Após a extradição de Otoniel, o Clã mostrou força e se envolveu na campanha para suceder o presidente Duque, que, por lei, não pode concorrer à reeleição.

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O opositor de esquerda Gustavo Petro, favorito nas pesquisas, questionou a política oficial de segurança no país em conflito, afirmando que o governo “entregou o país” à delinquência. O candidato Federico Gutiérrez, próximo da direita conservadora governante, convocou a “recuperar a ordem”.

Além da mobilização de tropas, Duque anunciou recompensas de até 1,2 milhão de dólares por informações que levem a “Siopas”, “Chiquito Malo” e “Gonzalito”.